Lucília Dowslley nasceu a 12 de maio, em Niterói, Rio de Janeiro. Poeta, jornalista, fotógrafa, atriz e produtora cultural, é uma importante ativista da literatura brasileira. Apresenta, desde 1999, o sarau “Um Brinde à Poesia”, além de ministrar Oficinas de Interpretação e Criação de Textos, coordena o Clube de Leitura para crianças. Membro da Academia Niteroiense de Letras, é autora dos livros de poesia “Um Brinde á Poesia” (2004), que reúne fotos, pensamentos e textos da autora, e “Carmim” (2012). Em 2017, lançou “O Sol em Minha Alma”, sua terceira publicação, que contava com prosas poéticas e poemas escritos durante os seus 20 anos, entremeados com fotos pessoais de uma viagem que fez ao Japão.


SE

Se uma canção
Se uma poesia
Pudessem sobrevoar
As paredes
Suspensas
Entre os homens
Se um sentimento
Se uma fantasia
Pudessem encantar
As pessoas
Dispersas
Pelas ruas
Pelas avenidas
Se o pôr do sol
Se o brilho do luar
Pudessem espalhar
Tanta luz
Tanto calor
Entre os povos
E nos fizessem cantar
Numa só voz
Quem sabe
Essa dor
Essa fome
Essa solidão

Passaria, passaria…

A COR DA SABEDORIA

Vi meu Anjo
Na sombra
Da árvore
Sob a cor
Da sabedoria.
Queria tanto
Falar meus sonhos
Fluir no vento
Tocar as asas…
Será que me via
Mais que isso
Protegia-me.
Mas que distração a minha!
De tanta Luz
Fechei os olhos
Distraí-me
Quando pra frente
Olhei, despertei.
Tamanho o susto
No chão me encontrei.
E com que dúvida fiquei:
Será que adormeci
Durante este tempo
E tive mesmo um sonho
Destes do tipo realidade?
Ou de tamanha beleza
Que não dá pra descrever
Tive mesmo uma visão?

Como saber?
O que posso fazer? – pergunto
Como não sei responder

Vou, continuar, poesia escrever.

NO AZUL SOU BARCO

Sem medida de espaço
No azul sou barco.
Revelo o traço
Faço aguadas aquarelas
Misturando cores.
E a vida se faz.
A poesia modela minha alma.
Essencial ter paz.
Sem sentir o tempo passar,
Com a luz perfeita,
Na profundeza  do olhar
Vai nascendo arte.
Não desejo a nada dominar
Vou seguindo a intuição.
Que me domine
A vontade de estar
Aqui, agora, ser o que sinto ser
Neste instante presente.
Porque, talvez, não saiba quem sou
Nem o que quero, nem a direção.
Apenas, solto a emoção…
E solto nas águas
Repouso em minha própria imagem.
Não sei a questão, nem a razão
Não imagino onde vou chegar.
Minha mente tranquila, respira poesia.
Agora, flutuo nas águas.
Quero brindar a arte
Vigiar outras almas
Tocar outros corações.
Mato a sede vivendo
E a fonte não seca
A cada pulsar
Inspiração…
Na lagoa
Barcos repousam
Cores do ser.
Só fico imaginando
Que de outra forma
Não conseguiria viver.

GOTAS DE LUZ

Eles cantaram
Palavras de carinho
Com harpas e banjos
Dançando ao luar.
Foram Eles
Que me guiaram
Ao seu encontro
Na noite infinita
Da poesia que criei
Para poder amar
Amar você.
Eles presentearam
Com gotas de luz
O perdido olhar
De um solitário poeta
Querendo se doar
Para a poesia
Arte feita com fantasia.
Foram Eles
Que sussurraram
O seu nome
E despertaram a paixão
Foram Eles
Os Anjos.

*Poemas do livro “Um Brinde à Poesia – Pensamentos – Fotos – Poesias”, 2004.