a onda quebra a hora
acorda o tempo
insone ao tédio
revolve da areia o vazio
traz o sal ao olho do sol
mata a sede de um árido dia
que amanheceu nu
desse tudo de céu
a dança vítrea da onda
lambe o suor das horas

no dorso do chão
o poente doura o instante
no tempo da luz

e pensar que somos transitórios
um frágil equilíbrio
de vida líquida
efêmera
ancorada no olho sol
a morrer todo dia
em cada poente