Quero afundar no meu canto
até o fundo mais fundo
onde só há o eu sozinho

amor, terreno vedado
para os passos que tentei.

Quero morrer no meu canto
como morrem os elefantes
como adoecem os cães
completamente escondidos

amor, espaço minado
cheio de cacos de vidro

meu rosto tem sombras duras
minhas mãos têm gestos duros
seus olhos têm vista dura

amor, espinho cravado
que ninguém tirou de mim

estou no fundo do poço
em pleno meio de agosto
nenhum fiapo de luz
iluminando meu canto

amor, espelho quebrado
e sete anos de azar.