O sino bate,
o condutor apita o apito,
Solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar…
— Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar…
Mergulham mocambos,
nos mangues molhados,
moleques, mulatos,
vêm vê-lo passar.
— Adeus!
— Adeus!
Mangueiras, coqueiros,
cajueiros em flor,
cajueiros com frutos
já bons de chupar…
— Adeus morena do cabelo cacheado!
Mangabas maduras,
mamões amarelos,
mamões amarelos,
que amostram molengos
as mamas macias
pra a gente mamar
— Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar…
Na boca da mata
há furnas incríveis
que em coisas terríveis
nos fazem pensar:
— Ali dorme o Pai-da-Mata!
— Ali é a casa das caiporas!
— Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar…
Meu Deus! Já deixamos
a praia tão longe…
No entanto avistamos
bem perto outro mar…
Danou-se! Se move,
se arqueia, faz onda…
Que nada! É um partido
já bom de cortar…
— Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar…
Cana caiana,
cana roxa,
cana fita,
cada qual a mais bonita,
todas boas de chupar…
— Adeus morena do cabelo cacheado!
— Ali dorme o Pai-da-Mata!
— Ali é a casa das caiporas!
— Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar…