Guilherme F. Bertani nasceu em São Paulo (SP). Radicado em Joinville, Santa Catarina, desde a década de 90, escreve desde o início dos anos 2000. Em 2006, participou do 2º Prêmio de Expressão Literária de Joinville, recebendo menção honrosa pelo poema “O mar”. Em 2012, publicou seu primeiro livro de poesias, Tao dôgui. Em 2017, foi a vez de Sobre a fronte de Atlas, livro que narra sua viagem para escalar a montanha mais alta da Antártida, o Maciço Vinson.

os sentidos

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Se o olhar e o cheiro
O desejo despertam
E o som
Algum prazer nos dá
O toque
Absoluto reina
Pois mais completo é
Prazer, domínio, conquista
Submissão, entrega
A consumação de um desejo
Emoções inexploradas
Seduzindo por um elo
O toque

minha teoria

Minha teoria?
Minha teoria é de que
Toda vida é parasita
Suga a energia do universo
Todo novo ser vivo
Para ser criado
Retira a força da natureza
E devolve como lixo
Para a vida começar na Terra
O planeta perdeu o calor energia
Tem vidas que consomem outras vidas
Portanto contraparasitando
Essa é a teoria

nós

Pensou:
“A natureza é fantástica,
Em cada detalhe,
Uma beleza extraordinária”
Após alguns instantes admirando o cenário
Os mosquitos começaram seu corolário
Levantou-se
E foi ao interior da casa

2
Odeio meus sapatos
Pois meus pés eles fazem frágeis
Meus sapatos forte não me deixam
Sem eles é dolorido progredir
Sem eles onde quero não posso ir
Consigo ser alguém sem meus sapatos?
Sem sapatos os outros não me veem
Às vezes queria ser livre
Às vezes queria que meus pés sentissem o mundo
Às vezes não queria ficar isolado
Será que sem eles caminharia?
Odeio meus sapatos

*Poemas do livro “TAO dôgui”, azougue editorial, 2012.