Outro dia na rua

-E aí poeta, firmeza total?
-Firmeza rapaz, na paz?
-Ah, mano, correndo feito louco.
-É isso mesmo.
-Pra falar bem a verdade, tô pensando em entrar pro crime.
-O que? Tá louco?
-Pô, trabalho pra caraí e tô sempre duro.
-Nada a ver, não a sua cara…
-É, mas…
-Posso te fazer uma pergunta?
-Ô, poeta, claro!
-Se você estivesse preso e tivesse dinheiro, quanto você pagaria pela sua liberdade?
-Cê é loko, pagaria até um milhão, mano.
-Então..
-Então o que?
– Você está na rua, livre, e ainda por cima está economizando 1 milhão de reais.
-Carái tio, não tinha pensado nisso.
-Pois é… vai viver a vida, moleque, e deixa de pensar besteira.
-Poeta, você é zica.
-Bora ser feliz.
-Desculpaí, é que as vezes…
-Deixa isso pra lá, vamos gastar essa liberdade junto.
-Quer um dinheiro emprestado?
-Ha ha ha ha ha.
-Ha ha ha ha ha.
-Moleque?
-Fala?
-Agora você me deve 1 milhão de dias na rua.
-Vô te pagar dia por dia.
-Ha ha ha ha ha.
-Ha ha ha ha ha.