Por anos, desfrutar do erro
e de sua correção,
ter podido falar, caminhar livre,
não existir mutilada,
não entrar ou sim em igrejas,
ler, ouvir a música querida,
ser na noite um ser como no dia.

Não ser casada num negócio,
medida em cabras,
sofrer o controle de parentes
ou lapidação legal.
Não desfilar já nunca
e não admitir palavras
que ponham no sangue
limalhas de ferro.
Descobrir por você mesma
outro ser não previsto
na ponte do olhar.

Ser humano e mulher, nem mais nem menos.