Teu frio; teu espanto; as sombras insensatas
cavalgando o silêncio; e a noite que não cessa.
De onde trouxeste a luz que, cálida, desatas
sobre a noite em que estás, que é só tua, não essa
em que nos vamos, nós, os que já nem te vemos?
Que mais queres, a pungir o silêncio terrível
em que, cegos, aos sóis temerários descemos?
Porque nos fazes ir numa nave invisível?
Teu frio, sim, teu frio, e teus olhos esquivos…
És como um desconhecido ora egresso de estranho
domínio, e ao te escutar os passos fugitivos
numa luz mais irreal que a luz em que me banho.