Dêem-me todas as jóias das afogadas
dois presépios
um cavalinho e uma agulha de chapeleira
em seguida desculpem-me
já que não tenho tempo de respirar
sou um acaso
a construção solar deteve-me aqui mesmo
e agora nada faço senão deixá-la morrer
procurem na tabela das contas atrasadas
a trote na mão fechada debaixo da minha cabeça tilintante
um copo no qual se abre um olho amarelo
abre também o sentimento
e no ar puro esvoaçam as princesas
tenho nisso muito orgulho
e ao mesmo tempo uma gotas de água insulsa
para refrescar o vaso das flores bolorentas
ao fundo da escada
o pensamento divino no azulejo estrelado do céu
a expressão das banhistas é a morte do lobo
tende-me por amiga
a amiga dos ardores e das raivas
que duas vezes vos olha
alisai a vossa plumagem diz ela
os meus remos de pau-santo fazem cantar vossos
cabelos
um som claro abandonava a praia
negra da cólera dos seixos
vermelha do lado do horizonte como uma chapa
incandescente.