É impossível que na furtiva claridade
que te visita sem estrela nem lua,
não percebas o reflexo da lâmpada
com que te procuro pelas ruas da noite.
É impossível que, quando choras, não vejas
que uma de tuas lágrimas é minha.
É impossível que, com o teu corpo de água jovem,
não adivinhes toda a minha sede.
É impossível não sintas que a rosa
desfolhada a teus pés, ainda há um minuto,
foi jogada por mim, com a mão do vento.
É impossível não saibas que o pássaro,
caído em teu quarto por um vão da janela,
era um recado do meu pensamento!