SOBRE A POESIA
– “Meus versos são o meu diário. Minha poesia é uma poesia de nomes adequados.”
SOBRE O POETA
– “Sujo na vida, limpo no caderno. Na vida, alto; na caderno, baixinho. O oceano, mesmo durante a tempestade, dá impressão de quietude. Mesmo quando está em paz dá a impressão de trabalho. O primeiro: o observador em ação. O segundo: o trabalhador em repouso. Em cada força, quietude e trabalho estão juntos. A paz que aquela força nós dá é a paz que sentimentos graças a ela. Assim é o oceano. Assim é a floresta. Assim é o poeta. Cada poeta é um oceano pacífico.”
– “De tudo o que foi dito fica claro que o traço da contemporaneidade do poeta não está absolutamente na prontidão de seu reconhecimento geral e – consequentemente – não está na quantidade, mas na qualidade desse reconhecimento.”
– “O reconhecimento universal de um poeta pode ocorrer, inclusive, após sua morte. Mas a contemporaneidade (a capacidade que ela tem de influir na qualidade de seu tempo) acontece sempre quando ele, ainda vivo, pois nas obras de arte apenas a qualidade dá as cartas.”
SOBRE O GÊNIO
– “O gênio dá seu nome à época na medida em que ele é a época, mesmo que não tenha consciência disso. ”
SOBRE A ARTE
– “Quer-se introduzir a lei moral na arte. Mas de um soldado mercenário corrompido por tantos patrões, por acaso, alguma vez, poderá surgir um soldado do exército regular?”
SOBRE SI MESMA
– “Eu sou uma sombra de sombra, um lunático, talvez, de duas luas escuras.”
– “Pense sobre mim levemente, pense em mim e esqueça.”
– “Eu me recuso a ser. Na lousa do desumano eu me recuso a viver. Com os lobos do mercado, eu me recuso a uivar.”
SOBRE A VIDA
– “O que dizer dela? Ela é o princípio da poesia. Não em determinismo causal (“se vida, obra …”), relação especular entre o biográfico e o poético. Mas como dom da existência. E o poema, como a continuidade orgânica do poeta.”
– “E logo todos nós vamos dormir sob a terra, nós que nunca nos deixamos dormir acima.”
SOBRE O LIVRO
– “Ninguém jamais pisou duas vezes no mesmo rio. Mas alguém passou duas vezes para o mesmo livro?”
– “Há livros tão vivos que você está sempre com medo que, embora você não estivesse lendo, o livro foi e mudou, mudou como um rio; Enquanto você continuava vivendo, continuava a viver também, e como um rio se moveu e se afastou. Ninguém pisou duas vezes no mesmo rio. Mas alguém passou duas vezes para o mesmo livro?”
SOBRE A LIBERDADE
– “Asas apenas quando estão abertas em vôo. Nas costas, eles são um peso pesado.”
SOBRE HOMENS E MULHERES
– “As mulheres falam sobre amor e silencioso sobre os amantes, homens – no Ao contrário: Falando de amantes, mas ficam em silêncio sobre o amor.”
SOBRE A ESCRITA
– “Alegrar o leitor com farolagem de palavras não é a finalidade da criação”
– “Quão quieta a escrita, quão barulhenta a impressão.”
– “Só se deve escrever apenas aqueles livros de cuja ausência se sofre. Em suma: os que você quer na sua própria mesa.”
– “O meu modo favorito de comunicação é no mundo além: um sonho, para ver em um sonho. Meu segundo favorito é correspondência.”
SOBRE A LITERATURA
– “O povo, na fábula, interpretou o sonho do elemento natural; o poeta, no poema, interpretou o sonho do povo; o crítico (no novo poema!) interpretou o sonho do poeta. ”
– “Para o feitiço é mais velho que a experiência. Para o conto é mais antigo que o registro.”
SOBRE AS PALAVRAS
– “Significados são traduzíveis. Palavras são intraduzíveis … mais brevemente – uma palavra é traduzível, seu som não é.”
SOBRE O AMOR
– “Qual é a principal coisa no amor? para saber e esconder. Saber sobre o que você ama e esconder que você ama. Às vezes, o esconderijo (vergonha) supera o conhecimento (paixão). A paixão pelo escondido – a paixão pelo revelado.”
SOBRE O SENTIMENTO
– “Sentimentos, obviamente, são mais exigentes do que o pensamento.”
SOBRE O CRÍTICO
– “O crítico; a última instância da interpretação dos sonhos. A penúltima.”