I

O DIA mais feliz, a hora mais doce,
conheceu-os a minha alma desolada.
De orgulho e poderio, a mais ousada
esperança (bem sinto) consumou-se.

II

De poderio? Assim pensei! Mas, ai,
tôda esperança é já desvanecida!
Visões do florescer de minha vida,
pobres visões, mortas visões passai!

III

E tu, orgulho, que tenho ainda contigo?
Teu veneno herde uma outra fronte incalma
onde, sutil, se instile êsse inimigo.
Que possa ao menos descansar minha alma!

IV

O dia mais feliz, a hora mais doce
que meus olhos já viram ou verão,
de orgulho e poderio a aspiração
mais luminosa, tudo (eu sei) finou-se.

V

Mas se a esperança fôsse dada, ainda,
de orgulho e poderio, com a mesma fria
dor que outrora senti, não quereria
nunca mais reviver essa hora linda.

VI

Pois negro era o feitiço de sua asa
espalmada, a esvoaçar, donde caía
potente essência destruidora, em brasa,
por sôbre a alma que bem a conhecia.