Eu tenho meus olhos negros
Desta minh’alma o condão,
É por eles que inda vivo
E que morro de paixão.
São negros, negros, tão lindos!
Porém que maus que eles são!

Muito maus! Nunca me dizem
O que bem sabem dizer;
Não me dão uma esperança
E nem ma deixam perder;
Andam sempre me enganando,
Têm gosto em ver-me sofrer.

Por mais terno que os suplique,
Não se condoem de mim;
Às vezes fitam-me a furto,
Porém nunca dizem sim.
Ah! olhos negros tão maus,
Nunca vi outros assim.

Não quero mais estes olhos!
Amo agora umas estrelas
Que brilham num céu de anil;
Sem receio de ofendê-las,
Bebo a luz dos olhos seus;
Só vivo agora de vê-las.