Rilke: 7 curiosidades sobre o poeta

Rainer Maria Rilke é considerado um dos poetas modernos mais importantes da história

Rainer Maria Rilke (1875 – 1926) é considerado um dos maiores poetas modernos da literatura mundial de todos os tempos. Dono de um estilo lírico bem próprio e inovador, fez de seus poemas grandes fontes de reflexão filosófica. Porém, como todo grande gênio da humanidade, Rilke também teve uma vida conflitante, cheia de traumas , sofrimentos, e algumas “excentricidades”. Separamos 7 curiosidades interessantes sobre o poeta e que podem ajudar a entender um pouco mais sobre a sua personalidade e os traços de suas obras. Confira!

1 – Criado como menina

A infância de Rilke foi bem conturbada e mexeu bastante com a personalidade do escritor. Até os 5 anos de idade, a sua mãe, “Phia”, o vestia com roupas de menina, para “compensar” a perda de uma filha recém-nascida. Outro fato que marcou muito a infância de Rilke foi a separação dos pais e o suicídio de um irmão.

2 – Amante de Lou Andreas-Salomé

Em uma visita a Veneza, em 1987, Rilke, com apenas 22 anos, inicia um relacionamento amoroso com a escritora e psicanalista russa Lou Andreas-Salomé, que era casada e tinha 36 anos. Muito respeitada pelo meio intelectual da época, Salomé levou o jovem poeta para viver com ela na Rússia. Por influência dela, ele passou a assinar “Rainer” e não mais Renê, o seu nome de nascimento. Segundo ela, Rainer era um nome mais masculino e condizente com o que o Rilke pretendia ser na literatura.

3 – Discussão com Tolstói

Rilke era fascinado pela literatura russa e aprendeu o idioma para ler as obras originais de Liev Tólstoi e Fiódor Dostoievsky. Conseguiu conhecer Tolstói com a ajuda de Lou Andreas-Salomé. Em uma visita a casa do escritor,  ao ser questionado sobre a sua ocupação, Rilke timidamente disse que se ocupava “com a lírica”. No mesmo instante, Tolstói mostrou-se indignado com a resposta, discursando de maneira veemente, e até humilhante, sobre a ineficácia das obras líricas.

4 – Separação, nascimento da filha e ida para Paris

Depois de deixar a Rússia, Rilke se apaixona pela pintora alemã Paula Becker. No entanto, nesse tempo, soube que tinha engravidado a jovem escultora Clara Westhoff, discípula de Auguste Rodin. Ele decide se casar com ela, porém, logo após o nascimento de Ruth, em 1902, eles se separam. Ainda muito amigos, Rilke decide seguir para Paris para acompanhar o crescimento da filha e ajudar a ex-esposa no estúdio de Rodin.

5 – Demitido por Rodin

Vivendo próximo a Auguste Rodin, por causa de Clara Westhoff, Rilke inicia um ensaio sobre o escultor. Logo ficam amigos e o artista francês o convida para ser seu secretário particular, encarregado de suas correspondências estrangeiras. A relação estremeceu quando Rodin acusou Rilke de ter respondido algumas cartas sem a sua aprovação. Demitido, Rilke também foi impedido de entrar novamente no ateliê do escultor.

6 – Propriedades confiscadas na França 

Durante a Primeira Guerra Mundial, Rilke passa a morar no Castelo de Duíno, na costa adriática italiana. No entanto, o local foi bombardeado durante as batalhas e, logo depois, suas propriedades acabam confiscadas na França. Uma das suas obras mais importantes, “Elegia de Duíno”, demorou mais de 10 anos para ser escrita, por causa de uma depressão que acometeu o poeta durante essa fase.

7 – Inspiração de grandes poetas brasileiros 

Considerado um dos poetas modernistas mais influentes de todos, Rilke também serviu de grande inspiração para a poesia brasileira. Grandes nomes da nossa literatura dos anos 50 utilizavam as obras vanguardistas do escritor para formar novos conceitos poéticos no Brasil. Dentre essas figuras, Manuel Bandeira e Cecília Meireles eram declarados fãs da lírica de Rilke, inclusive, sendo responsáveis por traduzir alguns de seus poemas para o português.

“A minha Vida eu a Vivo em Círculos Crescentes” (Poema de Rainer Maria Rilke) 

A minha vida eu a vivo em círculos crescentes
sobre as coisas, alto no ar.
Não completarei o último, provavelmente,
mesmo assim irei tentar.

Giro à volta de Deus, a torre das idades,
e giro há milênios, tantos…
Não sei ainda o que sou: falcão, tempestade
ou um grande, um grande canto.

*tradução de José Paulo Paes