Samarone Carvalho Marinho nasceu em São Luís, no Maranhão. Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP). É graduado em Geografia e Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Professor-permanente no Programa de Pós-Graduação em Geografia (UFMA). Foi finalista do 63 Prêmio Jabuti na categoria poesia, em 2018, e indicado Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa 2012.
TAPROBANA LONGE
Ao que parece óbvio
Taprobana não é aqui.
No assinalado por Camões
o imprevisto dos olhos
é perigo a quem teima não ver.
Navega-se neles
(em tudo que cega
até onde sabemos)
a força humana.
ESTIAGEM
não se guarda fácil
o artifício da vida
cacimba
o que dirá seca
água
em pote vazio
ao chão
aonde ir
quando ser
CAMPO
não
não é campo
de sangue
nem de duvidosa
traição
algo
mais
babel
muda
profundo
campo
que ausenta
fala
dos dias
não
não é campo
de detenção
quase isso
no molde
de toda
lama informe
torre
morta
impune
campo
que enlouquece
brilho
de vozes
com um
punhado
de dor
tem-se
algo
sem ser
nada
com uma
faca
na mão
cena
presente
abre (outra vez)
loucura
no campo
da vida nula
fundo
é o desprezo
(muitos
negam
saber)
*Poemas do livro “ser quando”, Editora Sete Letras, 2017.