Gilka Machado

Poetas

Gilka da Costa de Melo Machado nasceu no Rio de Janeiro, em 12 de março de 1893. Pioneira na escrita da poesia erótica do Brasil, com apenas 14 anos foi vencedora dos três primeiros lugares de um concurso literário, utilizando pseudônimos. Durante sua juventude, Gilka lutou pela representatividade política feminina. Em 1910, participou da fundação do Partido Republicano Feminino, cujo objetivo era representar e integrar as mulheres na sociedade política.

Frequentemente associada à poesia simbolista, Gilka publicou aos 22 anos sua primeira obra, intitulada “Cristais partidos”. Para o livro, ela teria recusado um prefácio de Olavo Bilac, já que queria “aparecer sem defesa nenhuma, sem escudo”. “E com um prefácio seu, todo mundo já está me achando ótima”, teria explicado ao poeta.

Gilka Machado casou-se com o poeta Rodolfo Machado e com ele teve dois filhos, Hélios e Heros. Vanguardista, ela rompeu padrões em uma sociedade extremamente conservadora, já que foi capaz de expor a sexualidade feminina de uma forma inédita.

Seus versos lhe renderam o nada honroso apelido de “matrona imoral”, dado pelos críticos literários da época. Mas a despeito deles, Gilka recebeu reconhecimento por sua obra, chegando a ser considerada pela revista “O Malho” “a maior poetisa do Brasil”.

A poesia erótica de Gilka foi apreciada até mesmo por escritores como Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade. “Gilka foi a primeira mulher nua da poesia brasileira”, escreveu Carlos Drummond de Andrade ao “Jornal do Brasil”, em dezembro de 1980.

Dentre os títulos de Gilka Machado, destacam-se: Estados de alma (1917), Mulher nua (1922), Meu glorioso pecado (1928) e Sublimação (1938).

Gilka Machado faleceu em dezembro de 1980, no Rio de Janeiro.

Poemas de Gilka Machado:

Ser Mulher

Ser mulher, vir à luz trazendo a alma talhada para os gozos da vida, a liberdade e o amor, tentar da glória a etérea e altívola escalada, na eterna aspiração de um sonho superior... Ser mulher, desejar outra alma pura e alada para poder, com ela, o infinito transpor,...

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Chuva de Cinzas

Chuva de cinzas... Cai a tarde lá por fora na estática mudez da Terra triste e viúva; e, da tarde ao cair, sinto, minha alma, agora, embuça-se na cisma e no torpor se enluva. Hora crepuscular, hora de névoas, hora em que de bem ignoto o humano ser enviúva; e, enquanto...

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O Retrato Fiel

Não creias nos meus retratos, nenhum deles me revela, ai, não me julgues assim! Minha cara verdadeira fugiu às penas do corpo, ficou isenta da vida. Toda minha faceirice e minha vaidade toda estão na sonora face; naquela que não foi vista e que paira, levitando, em...

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Esboço

Teus lábios inquietos pelo meu corpo acendiam astros... e no corpo da mata os pirilampos de quando em quando, insinuavam fosforecentes carícias... e o corpo do silêncio estremecia, chocalhava, com os guizos do cri-cri osculante dos grilos que imitavam a música de tua...

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Fecundação

Teus olhos me olham longamente, imperiosamente... de dentro deles teu amor me espia. Teus olhos me olham numa tortura de alma que quer ser corpo, de criação que anseia ser criatura Tua mão contém a minha de momento a momento: é uma ave aflita meu pensamento na tua...

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Saudade

De quem é esta saudade que meus silêncios invade, que de tão longe me vem? De quem é esta saudade, de quem? Aquelas mãos só carícias, Aqueles olhos de apelo, aqueles lábios-desejo... E estes dedos engelhados, e este olhar de vã procura, e esta boca sem um beijo... De...

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