Marcela Sperandio nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1986. Formada em Filosofia (PUC-Rio), pesquisou sobre o deus Dioniso, cantou no coral da PUC e numa banda de eletro rock, trabalhou como modelo e estudou cinema. Atualmente trabalha com edição de vídeo.
Ouvindo healling
Havia dois dias
chorava um pranto
sem igual.
Coincidência.
Só havia pranto
em mim.
Porém, não era por dor
ou felicidade
mas plenitude virginal.
Estrelas cadentes
Nada ou quase nada
permanece na minha cabeça.
Como estrelas cadentes,
passam e se apagam
as tais ideias.
Alguém, uma vez, me disse
dessas estrelas cadentes:
elas não permanecem.
Alguém de quem não me recordo.
Como tudo na vida, passei,
fui estrela cadente que se apagou.
Vento
Decidiu seguir o caminho do eu
– do sangue;
o que para alguns o torna imaturo.
O caminho do só
mas ao mesmo tempo
em companhia.
Ele ainda tem muito o que encontrar
conchas na grama
joaninha na flor
pedrinhas no bolso
botão pelo chão.
Não se esqueça do vento
que sempre respondeu ao seu chamado.
Não se esqueça de como ele balança tudo
de como o envolve.
Não fique surdo à sua própria voz.
Prostituta da morte
O que será
estranho ou ingênuo
sereno calado
que deixa de ser
grita, escandaliza
meu querer subverte
expõe na vitrine
o mais sagrado:
seu corpo
sua carne
seu sangue a escorrer?
Molhando os lábios
ela canta pra mim
numa rima sem palavras
a me enlouquecer.
*Poemas do livro “Estranha de Mim”, Editora Organograma, 2015.