Eunice Carvalho de Arruda nasceu em Santa Rita do Passa Quatro, São Paulo, a 15 de agosto de 1939. Poeta e escritora, especializou-se em Comunicação e Semiótica. Foi diretora e primeira-secretária da União Brasileira de Escritores (UBE). Publicou 16 livros ao todo e, em 2019, dois anos após a sua morte, teve sua obra poética reunida na antologia “Visível ao Destino”, Editora Patuá. Faleceu em São Paulo, no dia 21 de março de 2017.
Mutilação
A gente se abstém de
viver
Porque viver
estraga
Poema
Areias, mar, navios
Mergulho
jamais premeditado
Agora recebo meu corpo
como um pássaro
ferido
pesado
de incompreensão
Tantas coisas
alheias
desenham o caminho
Da finalidade do trabalho
Não trago mensagem
na voz
Quando escrevo
é a vida que
exercito
para
que
tudo o que exista
em mim fique
escrito
Por isso não trago
mensagem na
voz
É missão de
quem escreve
apenas eternizar o que foi
. breve
Engano
Não
isto ainda
não
é a
paz
É o silêncio da vida
Observando – I
sim
há
as horas de trégua
Quando se afiam
as facas
Mulheres
Mulheres
mecanizadas
simulam
vozes
De passos duros
e roupas leves
alargam a tarde
de fumaça e
objetivos
Têm pressa – não
sonhos
Mulheres mecanizadas
geram filhos e
criam o
abstrato