Alice Ruiz
Alice Ruiz Scherone nasceu em 22 de janeiro de 1946, na cidade de Curitiba, Paraná. Poeta e haikaista, é uma das escritoras mais importantes do país atualmente, tendo, até hoje, publicado 21 livros que foram traduzidos em antologias nos Estados Unidos, Bélgica, México, Argentina, Espanha e Irlanda. Já ganhou diversos prêmios literários, incluindo duas vezes o “Jabuti de Poesia”: em 1989, pelo livro “Vice Versos”, e em 2009, com o livro “Dois em Um”. Foi casada com o também poeta Paulo Leminski, com quem teve três filhos.
Alice Ruiz começou a publicar os seus poemas aos 26 anos em revistas e jornais culturais. Nessa época ela já apresentava textos feministas, na luta pela igualdade de gêneros. Junto de outros jovens escritores, participou do grupo de vanguarda Áporo (1969), opondo-se ao provincianismo do meio cultural paranaense. Nessa mesma época, ela iniciou estudos sobre o haicai, forma de poesia japonesa escrita em tercetos breves, versos de cinco, sete e cinco pés, em 17 sílabas.
Aos 34 anos, em dezembro de 1980, Alice Ruiz lançou “Navalhanaliga”, o seu primeiro livro. Suas obras ficaram marcadas pela concisão e uso de formas experimentais, que associaram à poeta ao concretismo. Outra característica da poesia de Alice é a musicalidade, tanto que muitos de seus poemas viraram canções em composições de grandes artistas, como Itamar Assumpção.
Muito requisitada, Alice Ruiz participou de diversos eventos e movimentos culturais no Brasil, como o projeto Arte Postal, pela Arte Pau Brasil; da Exposição Transcriar – Poemas em Vídeo Texto, no III Encontro de Semiótica, em 1985, SP; do Poesia em Out-Door, Arte na Rua II, SP, em 1984; Poesia em Out-Door, 100 anos da Av. Paulista, em 1991; da XVII Bienal, arte em Vídeo Texto e também integrou o júri de 8 encontros nacionais de haikai, em São Paulo.
Poemas de Alice Ruiz:
Alguma Coisa em Mim
Alguma coisa em mim ainda vai longe alguma coisa em mim não vai dar pé alguma coisa em mim parece que foi ontem alguma coisa em mim quer acontecer alguma coisa em mim não é mais minha alguma coisa em mim saiu da linha alguma coisa em mim não disse a que veio alguma...
Hai-Kai
quem ri quando goza é poesia até quando é prosa
Assim Que Vi Você
assim que vi você logo vi que ia dar coisa coisa feita pra durar batendo duro no peito até eu acabar virando alguma coisa parecida com você parecia ter saído de alguma lembrança antiga que eu nunca tinha vivido alguma coisa perdida que eu nunca tinha tido alguma voz...
Na Esquina da Consolação
na esquina da consolação com a paulista me perdi de vista virei artista equilibrista meio mãe meio menina meio meia-noite meio inteira inteiramente alheia toda lua cheia
Teu Corpo Seja Brasa
teu corpo seja brasa e o meu a casa que se consome no fogo um incêndio basta pra consumar esse jogo uma fogueira chega pra eu brincar de novo
Drumundana
e agora maria? o amor acabou a filha casou o filho mudou teu homem foi pra vida que tudo cria a fantasia que você sonhou apagou à luz do dia e agora maria? vai com as outras vai viver com a hipocondria
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