Karina Buhr nasceu no dia 20 de maio de 1974, em Salvador, Bahia. Cantora, compositora, poeta e atriz, iniciou sua trajetória artística no Recife, fazendo parte de diversos grupos musicais e movimentos artísticos pernambucanos, como os maracatus “Piaba de Ouro” e “Estrela Brilhante”. Também produziu inúmeras trilhas sonoras de filmes, peças de teatro e dança, além de participações em discos de grandes nomes da MPB, como Mundo Livre S/A e Marina Lima.
Vômito
Mantendo o berro
mantendo a pressa e a presa
todas as luzes acesas
facilitando o fim
A vida é amor e vômito
amo e vomito
Eu Monstro Você
Às vezes parecemos um monstro
por mais que tenha o costume
tem coisas que você vai me dizer
que eu não vou decodificar
não vou ter a senha
eu fabrico você
que me fabrica
e somos casal pré-moldado
feito a lanchonete gringa
feito tantos
normal
a mente fabrica o antídoto
eu complico
você complica
e a coisa é tão diferente
do normal
Âncora
Te sinto uma âncora
não sobressaio de mim nem quando me assusto
preciso recorrer ao passado
daqui pra frente
do jeito que vai eu não quero
vou conversar com o fim do mistério,
pra saber o que pode acontecer
Talvez não tenha jeito
mas o fim do mistério pode solucionar
vou falar com ele
oráculo
pra saber o que acontece depois
se me desancoro
Sem Volta
eu sabia exatamente o que precisava fazer
eu só não tinha a alegria necessária
aí
sai de mim
e quando voltei
não pode entrar
Encanto nenhum
inventei uma ilusão e vivi nela
já não posso mais viver nela
nem em canto nenhum
Distorcendo o Poeta
Um poço de medo
um pouco de foda-se
um quartinho látex branco com colchão rodado
uma superstição amena
todo amor tem amores
que o próprio amor desconhece
*Poemas do livro “Desperdiçando Rima”, editora Fábrica 231, 2015.