A poesia brasileira amanheceu de luto nesse domingo, 31 de julho. Um dos poetas mais importantes da cultura popular contemporânea,  Miró da Muribeca faleceu aos 61 anos. “Poeta das Ruas”, Miró lutava desde 202o contra um câncer com metástase. Nesse período, o artista foi internado por diversas vezes em clínicas de reabilitação devido à dependência de bebidas alcoólicas, e precisou fazer campanhas em suas redes sociais para arrecadar dinheiro para o seu tratamento.

Nascido no Recife, em Pernambuco, a 06 de agosto de 1960, João Flávio Cordeiro da Silva, ganhou o apelido “Miró do Muribeca”  por ser comparado ao jogador de futebol Mirobaldo, que defendia o Santa Cruz na época. Por viver muito tempo no pequeno bairro da Muribeca, tornou-se o “Miró, da Muribeca”, e assumiu o nome como pseudônimo artístico, se apresentando nas ruas da cidade com seus versos marcados por muito lirismo. Com o tempo, ganhou repercussão sendo voz de denuncia à desigualdade social e à violência policial que experimentava no dia-a-dia. Em sua carreira, publicou mais de 15 livros e tem poemas traduzidos para o espanhol e para o francês. Miró deixa um filho e um neto.

fico olhando o mundo
não me sinto bem agora
agora sinto um
desejo
de não estar mais aqui

mas agora que aqui estou
suporto meus
54 quilos
e vários amores que se foram

a vida é um ônibus
vai levando você
o problema é em que parada
nós vamos descer

(Miró da Muribeca – 1960 / 2022)