Alphonsus de Guimaraens
Afonso Henrique da Costa Guimarães, mais conhecido na literatura brasileira pelo pseudônimo Alphonsus de Guimaraens, nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, no dia 24 de julho de 1870. Um dos principais representantes do Movimento Simbolista no país, o poeta aborda em suas obras temas ultrarromânticos, trágicos, dramáticos e pessimistas, girando em torno da morte de seu primeiro amor: Constância, sua prima e filha de seu “tio-avô”, o escritor Bernardo Guimarães, que faleceu prematuramente aos 17 anos de idade, em 1888.
A morte de Constância fez Alphonsus de Guimaraens entregar-se a boemia e acreditar no amor utópico, intangível e, por vezes, revoltoso. Toda a sua poesia é movida pelos sentimentos de melancolia, resignação e desesperança. Outros temas que se faziam presentes nos versos do poeta, eram sobre misticismo e religiosidade, arte e natureza, mas sempre relacionados à morte inevitável.
Morando no Rio de Janeiro, casou-se, em 1897, com Zenaide de Oliveira, com quem tem 14 filhos. Dois deles também foram escritores: João Alphonsus (1901 – 1944) e Alphonsus de Guimaraens Filho (1918 – 2008).
Alphonsus de Guimaraens morreu no dia 15 de julho de 1921. na cidade de Mariana, Minas Gerais.
Poemas de Alphonsus de Guimaraens:
Hão de Chorar por Ela os Cinamomos…
Hão de chorar por ela os cinamomos, Murchando as flores ao tombar do dia. Dos laranjais hão de cair os pomos, Lembrando-se daquela que os colhia. As estrelas dirão — "Ai! nada somos, Pois ela se morreu silente e fria.. . " E pondo os olhos nela como pomos, Hão de...
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava longe do céu......
Ai Dos Que Vivem, Se Não Fora O Sono
Ai dos que vivem, se não fora o sono! O sol, brilhando em pleno espaço, cai Em cascatas de luz; desce do trono E beija a terra inquieta, como um pai. E surge a primavera. O áureo patrono Da terra é sempre o mesmo sol. Mas ai Da primavera, se não fora o outono, Que vem...
É necessário Amar
É necessário amar… Quem não ama na vida? Amar o sol e a lua errante! amar estrelas, Ou amar alguém que possa em sua alma contê-las, Cintilantes de luz, numa seara florida! Amar os astros ou na terra as flores… Vê-las Desabrochando numa ilusão renascida… Como um branco...
Soneto
Encontrei-te. Era o mês... Que importa o mês? Agosto, Setembro, outubro, maio, abril, janeiro ou março, Brilhasse o luar que importa? ou fosse o sol já posto, No teu olhar todo o meu sonho andava esparso. Que saudades de amor na aurora do teu rosto! Que horizonte de...
A Catedral
Entre brumas ao longe surge a aurora, O hialino orvalho aos poucos se evapora, Agoniza o arrebol. A catedral ebúrnea do meu sonho Aparece na paz do céu risonho Toda branca de sol. E o sino canta em lúgubres responsos: "Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!" O astro...
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