Pagu
Patrícia Rehder Galvão, mais conhecida pelo apelido “Pagu”, dado pelo poeta Raul Bopp, nasceu no dia 9 de junho de 1910, em São João da Boa Vista, São Paulo. Poeta, romancista e jornalista, fez parte do movimento modernista no país. Ativista política, também ficou conhecida por sua luta pela igualdade social e pelo feminismo. Foi casada com o poeta Oswald de Andrade, com quem teve o seu primeiro filho, Rudá.
Jovem, bonita e de família burguesa, Pagu, no entanto, sempre observou o mundo diferente de sua vida privilegiada. Diferente das mulheres de sua geração, ela não tinha medo de ousar: usava blusas transparentes, fumava na rua e dizia palavrões sem desvelo, causando desconforto à elite paulistana, mas também grande admiração, principalmente da classe artística da época.
Dessa forma, em 2028, com apenas 18 anos, conheceu Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, passando a integrar o movimento antropofágico, de cunho modernista. Após 2 anos casa-se com Oswald com quem inicia sua vida política, tornando-se militante do Partido Comunista.
Em 2030 particiou do incêndio do bairro do Cambuci, em São Paulo, em protesto contra o governo provisório. Também comandou uma greve de estivadores em Santos, sendo presa pela primeira vez, tornando-se a primeira mulher presa no Brasil por motivos políticos.
Em 1933, sob o pseudônimo de Mara Lobo, publica “Parque Industrial”. Essa obra é considerada o primeiro romance proletário brasileiro. Nesse período deixa Oswald e Rudá, para viajar o mundo como repórter. Morando na França, em 1935, filiou-se ao PC e acabou sendo presa como comunista estrangeira. Pega com identidade falsa, ia ser deportada para a Alemanha nazista, quando o embaixador brasileiro Souza Dantas conseguiu mandá-la de volta ao país.
De volta ao Brasil, seguiu ávida e sua militância e acabou novamente presa e torturada pelas forças da Ditadura, ficando na cadeia por cinco anos. Desligou-se do PCB em 1940, assim que saiu da prisão. Em 1945, casou-se com o jornalista Geraldo Ferraz, com quem teve o seu segundo filho, passando a viver em Santos.
Pagu morreu no dia 12 de dezembro de 1962, em decorrência de um câncer. Em 2004, a catadora de papel Selma Morgana Sarti encontrou em um lixo uma grande quantidade de fotos e documentos da escritora. Estes fazem parte hoje do arquivo da UNICAMP.
Poemas de Pagu:
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Tudo muito rito, muito rígidoCom coisinhas assim mais ou menosSentimentais. Tranças faziam balançasNas grandes trepadeirasEstávamos todos por conta de. Nascinaturos espalhavam moedinhasEvidentemente estavam brincandoPois evidentemente, nos tempos atuaisQuem espalha...
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