Cruz e Sousa

Poetas

João da Cruz e Sousa nasceu no dia 24 de novembro de 1861, em Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, Santa Catarina. Filho de escravos alforriados – Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da Conceição – se destacou como fervoroso conferencista pró-abolição. Com a alcunha de “Dante Negro” ou “Cisne Negro”, o poeta foi um dos percursores do Simbolismo no Brasil, sendo considerado um dos mais importantes representantes desse movimento literário na poesia ocidental.

Desde pequeno, Cruz e Sousa recebeu a tutela familiar do marechal Guilherme Xavier de Sousa, de quem herdou o sobrenome Sousa. Recebeu de seu pai adotivo uma educação refinada, aprendendo outras línguas (latim, francês e grego). Por conta disso, as obras poética do escritor é marcada pelo eruditismo, adornada por versos melodiosos, sensuais, uso constante de aliterações, além de uma obsessão pela cor branca, sempre mencionando a tonalidade como sinônimos de transparência, brilho e translucidez.

O poeta especializou-se em escrever sonetos que abordam temas intensos, românticos, trágicos e desesperados, típicos do parnasianismo. As influências simbolistas de Cruz e Sousa foram inspiradas pelas obras satanistas do poeta francês Charles Baudelaire, e também questões espiritualistas, principalmente pela filosofia budista.

Cruz e Souza foi no morar no Rio de Janeiro, onde casou-se com a poeta Gavita Rosa Gonçalves, em 1883. Teve grande dificuldades nesse período: sua esposa sofria de crises nervosas e seus filhos são acometidos pela tuberculose. Logo depois, a mesma doença atinge o poeta, que em 1898, precisa se mudar para a cidade de Sítio, em Minas Gerais, à procura de alívio para o mal.

Cruz e Sousa faleceu na cidade de Sítio, em Minas Gerais, no dia 14 de março de 1898. Na miséria, seu corpo foi transladado para o Rio de Janeiro, num vagão de transporte de animais.

Poemas de Cruz e Sousa:

Escárnio Perfumado

Quando no enleio De receber umas notícias tuas, Vou-me ao correio, Que é lá no fim da mais cruel das ruas, Vendo tão fartas, D’uma fartura que ninguém colige, As mãos dos outros, de jornais e cartas E as minhas, nuas – isso dói, me aflige… E em tom de mofa, Julgo que...

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Velho

Estás morto, estás velho, estás cansado! Como um suco de lágrimas pungidas Ei-las, as rugas, as indefinidas Noites do ser vencido e fatigado. Envolve-te o crepúsculo gelado Que vai soturno amortalhando as vidas Ante o repouso em músicas gemidas No fundo coração...

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Livre

Livre! Ser livre da matéria escrava, arrancar os grilhões que nos flagelam e livre penetrar nos Dons que selam a alma e lhe emprestam toda a etérea lava. Livre da humana, da terrestre bava dos corações daninhos que regelam, quando os nossos sentidos se rebelam contra...

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Acrobata da Dor

Gargalha, ri, num riso de tormenta, como um palhaço, que desengonçado, nervoso, ri, num riso absurdo, inflado de uma ironia e de uma dor violenta. Da gargalhada atroz, sanguinolenta, agita os guizos, e convulsionado salta, gavroche, salta clown, varado pelo estertor...

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