O Poeta e sacerdote nicaraguense Ernesto Cardenal morreu nesse domingo, 1 de março, em Manágua. Aos 95 anos, ele foi um dos principais expoentes da poesia hispano-americana do século XX, sendo figura de destaque da “Teologia da Libertação”. Ele também foi símbolo da revolução sandinista em seu país.

Nascido em 20 de janeiro de 1925, em Granada, Nicarágua, Cardenal iniciou na literatura pela Universidade de Manágua e depois no México. Ele completou seus estudos em Nova York, convertido ao catolicismo em 1956, tornando-se discípulo do monge e poeta Thomas Merton. Ele foi ordenado sacerdote em 1965. Candidato várias vezes ao Prêmio Nobel de Literatura, ganhou o Prêmio Rainha Sofia de Poesia, o mais importante da América Latina, e o Prêmio Internacional Mario Benedetti, concedido pelo Uruguai. Durante a década de 80, Ernesto Cardenal recebeu reconhecimento da UNESCO por promover uma grande campanha de alfabetização em seu país. Estima-se que essa ação ajudou pelo menos 500 mil nicaraguenses a ler e escrever.

“POEMA” (Ernesto Cardenal)

Tu e eu, ao perdermos
um ao outro,
ambos perdemos.
Eu, porque tu eras o que
eu mais amava,
tu, porque eu era quem
te amava mais.
Mas, entre nós dois,
tu perdes mais do que eu.
Porque eu poderei amar
a outras
como amei a ti.
Mas a ti nunca ninguém
jamais amará
como eu te amei.