Jorge de Lima

Poetas

Jorge Matheos de Lima nasceu no dia 23 de abril de 1895, em União dos Palmares, Alagoas. Um dos principais nomes da poesia nacional do Século XX, ele fez parte do Segundo Tempo Modernista no país. Dono de uma vasta obra, tem como destaque principal o livro “Invenção de Orfeu”, de 1952, considerado uma das maiores epopeias da literatura brasileira de todos os tempos. Apesar disso, entre 1937 e 1945 teve sua candidatura à Academia Brasileira de Letras (ABL) recusada por seis vezes.

As obras poéticas de Jorge de Lima possuem diversas fases e oscilações. Ainda adolescente, iniciou no Movimento Parnasiano, abordando temas existenciais e pessimistas, com o seu primeiro livro publicado, “XIV Versos Alexandrinos”, de 1914. Depois, a partir da década de 20, passou a utilizar técnicas do Modernismos, fugindo do formalismo clássico para escrever poemas em versos livres.

O misticismo e lembranças dos tempos de infância permearam a sua fase “Regionalista”, a mais conhecida do autor. Explorando a realidade do povo nordestino, Jorge de Lima passa a abordar também a figura do negro, seus ritos e costumes, em suas obras. A “Invenção de Orfeu”, cinge exatamente esse trabalho, unindo conceitos das epopeias clássicas (como “Divina Comédia” e “Os Lusíadas”, por exemplo),  com fragmentos sociais nacionais, culminando em uma epopeia barroco-surrealista ilustrando um incomparável universo de imagens e sons.

 

Jorge de Lima faleceu no Rio de Janeiro, no dia 15 de novembro de 1953, um ano depois da publicação de “Invenção de Orfeu”.

Poemas de Jorge de Lima:

O Grande Desastre Aéreo de Ontem

Para Cândido Portinari Vejo sangue no ar, vejo o piloto que levava uma flor para a noiva, abraçado com a hélice. E o violinista em que a morte acentuou a palidez, despenhar-se com sua cabeleira negra e seu estradivárius. Há mãos e pernas de dançarinas arremessadas na...

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A Tristeza era Tanta, Tanta a Mágoa…

A tristeza era tanta, tanta a mágoa que seu anjo da guarda resolvera lutar com ele, lutar para lutar, que o interesse da vida perecera. Ave e serpente, círculo e pirâmide, os olhos em fuzil e os doces olhos, os laços, os voos livres e as escamas. Que doida simetria...

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Poema à Pátria

Ó grande país Tu aderiste também. Teus urubus são inquietados Nos teus ares altíssimos pelos aviões. Nos teus céus os anjos já não podem solfejar, Sufocados de fumaça, importunados pelo pessoal Do Limbo. Tu vais ficar irremediavelmente Toda a América Irremediavelmente...

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Pelo Silêncio

Pelo silêncio que a envolveu, por essa aparente distância inatingida, pela disposição de seus cabelos arremessados sobre a noite escura: pela imobilidade que começa a afastá-la talvez da humana vida provocando-nos o hábito de vê-la entre estrelas do espaço e da...

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Essa Negra Fulô

Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no bangüê dum meu avô uma negra bonitinha, chamada negra Fulô. Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) — Vai forrar a minha cama pentear os meus cabelos, vem ajudar a tirar a minha roupa,...

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As Invenções de Orféu

Canto III Poemas relativos I Caída a noite o mar se esvai, aquele monte desaba e cai silentemente. Bronzes diluídos já não são vozes, seres na estrada nem são fantasmas, aves nos ramos inexistentes; tranças noturnas mais que impalpáveis, gatos nem gatos, nem os pés no...

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