Uma semana após a morte do poeta Antonio Cicero, no dia 23/10, a poesia brasileira sofreu mais uma grande perda. Na quinta-feira, 31/10, faleceu o poeta e compositor Tavinho Paes, um dos mais importantes nomes da cena cultural carioca nos anos 80. Aos 69 anos, Tavinho estava hospitalizado desde setembro, quando sofreu um infarto cardíaco. Neste período ele passou por duas cirurgias de ponte de safena. Seu corpo foi velado na última sexta-feira, 1/11, no Crematório São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária do Rio. Tavinho deixa a esposa, Eliana Britto, três filhos e quatro netos. Em nota, o advogado Elvis Paes, um dos filhos do poeta, se manifestou em nome da família.

“Tavinho Paes curtiu e viveu intensamente, deixou grandes obras, que agora se perpetuam. A família agradece o carinho de todos os amigos e espera que todos convertam o momento de tristeza em poesia.

SOBRE TAVINHO PAES

Luiz Octávio Paes de Oliveira, mais conhecido pelo apelido Tavinho Paes, nasceu a 26 de janeiro de 1955.
Começou a trabalhar como letrista musical nos anos 1980. Teve músicas gravadas por Caetano Veloso, Maria Bethânia, Marisa Monte, Ney Matogrosso, Gilberto Gil e Rita Lee. Foi autor de hits como “Rádio-Blá”, em parceria com Lobão, “Totalmente Demais”, com Arnaldo Brandão, e “Sexy Iemanjá”, ao lado de Pepeu Gomes. Formado em Economia (1973-1976) e Jornalismo (1976-1977) pela PUC-RJ. Ele ainda seguiu carreira como editor do jornal “O Pasquim” naquela década, e foi um dos fundadores da gravadora Indie Records.

Em relação à poesia, Tavinho iniciou sua trajetória em 1973 quando publicou mimeografado  o livro “Tulipa Negra”. Logo após, entre 1973 e 1975, publicou vários outros livros mimeografados, entre os quais “A maçã podre”; “Pelotão de fuzilamento”; “Pronto para Armar”; “A Pin-up do Marinheiro”; “Hambúrguer do Coração”; “Frágil Tarzan” e “Travesti Bossal”. Ainda na década de 1970, ao lado de Torquato Mendonça, Demétrio de Oliveira Gomes, Divana, Soninha Toda Pura e Steve Quest, fez parte do grupo de poetas performáticos “Poema Terror”.

Nos anos 2000 montou diversas performances poéticas, destacando-se “Poesia Voa”, no Circo Voador. Foi um dos fundadores, ao lado do poeta Ricardo Chacal, do evento “CEP 20000”. Ao lado de outros artistas participou do coletivo Voluntários da Pátria com apresentações em vários palcos do Rio de Janeiro. No ano de 2007, pela Editora Libris, publicou o livro “Momossexuais”, integrado por poemas e letras. No ano posterior publicou “Buzinaí Naif”, também pela Editora Libris. Em 2023, Tavinho participou da estreia do Sarau Epoché, em Botafogo-RJ.