Moisés Cayetano Rosado nasceu em La Roca de la Sierra, Badajoz, Espanha, em 1951. É licenciado em Filosofia e Ciências da Educação. Mestre em Instrução Primária e tem doutoramento em Geografia e História. É um historiador, interventivo e corajoso, na busca da verdade histórica e da defesa e salvaguarda da cultura do seu país, mas também apaixonado pelo seu país vizinho – Portugal – participando na organização de inúmeros eventos literários e culturais. Como poeta tem sete coletâneas publicadas e poemas seus fazem parte de antologias.
ESCREVA UM POEMA
Escreva um poema,
assim, irmão, escreva um poema,
como se o verso resolvesse
o espetáculo do mundo.
Um poema, amigo, irmão meu,
para guardá-lo logo
debaixo das xícaras de café,
metido entre as páginas de um livro
lutando com Jaquie e seus milhões,
pondo uma nota de tristeza
na cara de uma criança a ponto de sorrir.
Um poema, irmão,
e que venha o gelo do escárnio
para o que nasceu
das noites de assombro,
angústia e solidão.
Escreva um poema,
pondo à flor da pele o beijo,
a mão, o coração,
para que logo cheguem
os monstros da manhã
e os joguem, sem mais nem menos, ao lixo.
COM QUE CARA EU CHEGO
Se eu ponho ao verso rosas
e esqueço as penas
dos que abaixo permanecem.
Se me dedico a cantar para a beleza
e louvo os pássaros que piam.
Se construo medidas
. frases
que agradem estômagos cheios.
Se eu vou pelo mundo
explodindo meus versos,
com que cara eu chego
diante dos homens do meu povo?
A CASA RENOVADA
E outra coisa ergue.
Onde a destruição, onde os escombros,
outra casa levanta seu estandarte
e surgem as batidas, a esperança,
as novas janelas, a cobertura segura,
o cheiro de gerânios e a revoada dos pássaros
que buscam seus ninhos.
Lá as vozes pulsam e os cantos
os braços que delimitam o caminho
as enchem de risadas e cores.
Aquela que já estava como perdida,
como vencida pelo tempo.
E agora os sonhos voltam a povoá-la,
a ilusão, as ganas de viver.
É a história começada novamente,
o broto que irrompe
daquela árvore vencida,
disposta a não se deixar ruir.
*Poemas do livro “Segunda Volta”, Editora Regional de Extremadura, 2009.
Tradução de Igor Calazans