Olga Alexandrovna Sedakova nasceu no dia 26 de dezembro de 1949, em Moscou, na Rússia. Poeta e tradutora, é considerada uma das poetas cristãs confessionais mais importantes da poesia russa contemporânea. Também reconhecida como filósofa e humanista, sua obra aborda a devoção a Deus e a força da fé para acreditar na vida.

Sedakova recebeu vários prêmios literários importantes, incluindo o Prêmio Andrei Bely (1980), Prêmio Paris para Poetas Russos (1991), Prêmio Europeu de Poesia (1995), Prêmio Vladimir Solovyov para o Avanço da Cultura (1998), e Prêmio Solzhenitsyn (2001).

A CONCLUSÃO

Em toda infelicidade
há um anel escondido ou um segredo guardado
deixado, conforme combinado, no oco de uma árvore.

Em toda palavra há uma estrada,
um caminho melancólico e apaixonado.

E aquele que disse sim, que está pronto,
suas lágrimas fluem, mas não por isso,
sua esperança será totalmente diferente.

Aquele que não conhece esperança – não terá nenhuma.
Aquele que sabe – se sentirá novamente maravilhoso,
sorrirá abertamente na mente,
e louvará a misericórdia de Deus.

A FESTA

Se ele lê as estrelas,
ou coloca pedras, como cartas,
e ferve areia e agulhas
para saber o que vem
fora de tudo o que é agora –
mesmo assim, ele descobrirá muito pouco.

A vida – é um vinho jovem.
Não importa o quanto você beba,
isso não vai entorpecer sua mente
ou afrouxar sua língua.
Melhor nem começar.

Mas quando as velas se apagam
e todo mundo sai para suas casas
ou cochila à mesa –
então é assustador pensar
de quem você procurou conselho,
e o que importa que você discutiu,
onde você esteve e por quê.

DEDICAÇÃO

Lembre-se, Eu digo, lembre-se,
lembre-se. Eu digo enquanto Eu choro:
tudo abandonará, tudo mudará,
e a própria esperança morre.

O oceano não cai no rio;
o rio não retorna à sua nascente;
o tempo não poupou ninguém –

mas Eu amo você. Eu amo você como se
tudo isso fosse verdade, e ainda pode ser.

A JORNADA

Quando esse infortúnio chegar ao fim
ou esta felicidade se afastar,
ele se moverá como ondas gigantescas,

e caminharei por uma estrada familiar,
pelo menos, indo aonde sou ordenado a ir.

Então ouvirei o que ouvirei,
Fala, para que eu ouça estas palavras:

“Eu estive esperando por você – e aqui está você.
Sempre te conheci e agora te reconheço.
Você acha que eu esqueceria?”

Cada um de nós deseja ser reconhecido, conhecido,
para os pássaros voarem em saudação,
para que os mortos se levantem como se estivessem vivos,
para as feras trazerem seus filhotes

e para que o tempo, lentamente, se desdobre,
como um raio lembrado de muito tempo atrás.

VELHAS

Tão paciente quanto um velho artista,
Eu adoro olhar por muito tempo e com atenção
diante dos rostos de velhas devotas e rancorosas:
e sua força imortal
que pressionou seus lábios.

(É como se um anjo estivesse sentado ali,
empilhando dinheiro em colunas:
peças de cinco copeques e outras menores. . .

Xô! – ele diz para as crianças,
pássaros e mendigos –
xô, ele diz, vá embora:
você não vê que estou ocupado?)

Eu olho – e faço um desenho em minha mente:
eu mesmo diante de um espelho escuro.

*Poemas do livro “Em Louvor À Poesia”, Editora Open Letter, 2014.
Tradução de Igor Calazans.