Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro. Considerado o mais importante escritor da literatura brasileira, ele possui obras reconhecidas e traduzidas em todo o mundo. Foi um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras, criador da cadeira n. 23, escolhendo José de Alencar para patrono. Ocupou por mais de 10 anos a presidência da ABL, que passou a também ser conhecida como a “Casa de Machado de Assis”. Negro e filho de escravos, testemunhou a Abolição da Escravatura e a mudança política no país quando a República substituiu o Império, se tornando um grande crítico e relator dos eventos político-sociais de sua época.
Machado de Assis, sem condições para estudos e cursos regulares, foi praticamente autodidata. Aos 14 anos, em 1854, apresentou o primeiro trabalho literário, e justamente um poema: o soneto “À Ilma. Sra. D.P.J.A.”, publicado no “Periódico dos Pobres”. Dois anos depois, em 1956, entrou para a Imprensa Nacional, como aprendiz de tipógrafo, onde foi apadrinhado pelo escritor e professor Manuel Antônio de Almeida.
A obra de Machado de Assis é única, versátil e abrange praticamente todos os gêneros literários. Na poesia, ele utiliza do Realismo e do Romantismo, para abordar temas sentimentais e amorosos, usando linguagem predominantemente irônica e pessimista. Um dos seus poemas mais conhecidos, o soneto “Carolina”, foi dedicado a sua esposa que faleceu em outubro de 1904.
Machado de Assis faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de setembro de 1908.
Poemas de Machado de Assis:
O Verme
Existe uma flor que encerra Celeste orvalho e perfume. Plantou-a em fecunda terra Mão benéfica de um nume. Um verme asqueroso e feio, Gerado em lodo mortal, Busca esta flor virginal E vai dormir-lhe no seio. Morde, sangra, rasga e mina, Suga-lhe a vida e o alento; A...
Erro
Erro é teu. Amei-te um dia Com esse amor passageiro Que nasce na fantasia E não chega ao coração; Nem foi amor, foi apenas Uma ligeira impressão; Um querer indiferente, Em tua presença vivo, Nulo se estavas ausente. E se ora me vês esquivo, Se, como outrora, não vês...
Círculo Vicioso
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume: - Quem me dera que fosse aquela loura estrela, que arde no eterno azul, como uma eterna vela ! Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme: - Pudesse eu copiar o transparente lume, que, da grega coluna á gótica janela, contemplou,...
No alto
O poeta chegara ao alto da montanha, E quando ia a descer a vertente do oeste, Viu uma cousa estranha, Uma figura má. Então, volvendo o olhar ao subtil, ao celeste, Ao gracioso Ariel, que de baixo o acompanha, Num tom medroso e agreste Pergunta o que será. Como se...
Livros e Flores
Teus olhos são meus livros. Que livro há aí melhor, Em que melhor se leia A página do amor? (…)
A Carolina
Querida, ao pé do leito derradeiro Em que descansas dessa longa vida, Aqui venho e virei, pobre querida, Trazer-te o coração do companheiro. Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro Que, a despeito de toda a humana lida, Fez a nossa existência apetecida E num recanto pôs um...
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