Mário de Andrade

Poetas

Mário Raul Morais de Andrade, o Mário de Andrade, nasceu no dia 9 de outubro de 1893, em São Paulo. Um dos escritores mais importantes da literatura nacional, foi figura central na “Semana de Arte Moderna de 1922”, marco da Primeira Fase Modernista no país, sendo o primeiro poeta a publicar um livro de poemas modernistas, o “Pauliceia Desvairada”. Além de poeta, Mário de Andrade também foi romancista, contista, crítico de arte e professor de música.

Nacionalista, Mário de Andrade percorreu o Brasil para apurar suas obras literárias. Passando por cada região, Visitou cidades históricas de Minas, passou pelo Norte e Nordesteele vivenciava novas abordam o jeito brasileiro de viver, as crenças, mitos e lendas, festas folclóricas, que enriquem a cultura do país. Todas essas pesquisas lhe renderam obras como “Macunaíma”, “Clã do Jabuti” e “Ensaio sobre a Música Brasileira”. Seu romance “Macunaíma” foi sua criação máxima, levada para o cinema.

No Primeiro Tempo do Modernismo (1922-1930) a lei era se libertar do modismo europeu, procurar uma linguagem nacional e promover a integração entre o homem brasileiro e sua terra. Foi amigo inseparável de Anita Malfatti e Oswald de Andrade. Foi diretor do departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo. Foi funcionário do Serviço do Patrimônio Histórico do Ministério da Educação. “meu poeta futurista”

Mário de Andrade faleceu em São Paulo, no dia 25 de fevereiro de 1945, vítima de um ataque cardíaco.

Poemas de Mário de Andrade:

Momento

O vento corta os seres pelo meio. Só um desejo de nitidez ampara o mundo… Faz sol. Fez chuva. E a ventania Esparrama os trombones das nuvens no azul. Ninguém chega a ser um nesta cidade, As pombas se agarram nos arranha-céus, faz chuva. Faz frio. E faz angústia… É...

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Ode ao Burguês

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel o burguês-burguês! A digestão bem-feita de São Paulo! O homem-curva! O homem-nádegas! O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! Eu insulto as aristocracias cautelosas! Os barões...

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Quarenta Anos

A vida é para mim, está se vendo, Uma felicidade sem repouso; Eu nem sei mais se gozo, pois que o gozo Só pode ser medido em se sofrendo. Bem sei que tudo é engano, mas sabendo Disso, persisto em me enganar… Eu ouso Dizer que a vida foi o bem precioso Que eu adorei....

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Eterna Presença

Este feliz desejo de abraçar-te, Pois que tão longe tu de mim estás, Faz com que te imagine em toda a parte Visão, trazendo-me ventura e paz. Vejo-te em sonho, sonho de beijar-te; Vejo-te sombra, vou correndo atrás; Vejo-te nua, oh branco lírio de arte, Corando-me a...

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Cantam Passaros Exoticos no Teu Pubis

Cantam pássaros exóticos no teu púbis. Como espelhar graficamente uma melodia de sonho? Cantam pássaros exóticos no teu púbis. Como definir a breve vertigem nos momentos de lucidez? Cantam pássaros exóticos no teu púbis. Como descrever o frémito singular com as...

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Epitalâmio

O alto fulgor desta paixão insana Há-de cegar nossos corações E deserdados da esperança humana Palmilharemos por escuridões… Não mais te orgulharás da soberana Beleza! e eu, minhas cálidas canções Não mais dedilharei com mão ufana Na harpa de luz das minhas ilusões!…...

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Moça Linda Bem Tratada

Moça linda bem tratada, Três séculos de família, Burra como uma porta: Um amor. Grã-fino do despudor, Esporte, ignorância e sexo, Burro como uma porta: Um coió. Mulher gordaça, filó, De ouro por todos os poros Burra como uma porta: Paciência… Plutocrata sem...

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Descobrimento

Abancado à escrivaninha em São Paulo Na minha casa da rua Lopes Chaves De supetão senti um friúme por dentro. Fiquei trêmulo, muito comovido Com o livro palerma olhando pra mim. Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus! muito longe de mim Na escuridão ativa da...

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Aceitarás o Amor como eu o Encaro?…

Aceitarás o amor como eu o encaro ?… … Azul bem leve, um nimbo, suavemente Guarda-te a imagem, como um anteparo Contra estes móveis de banal presente. Tudo o que há de melhor e de mais raro Vive em teu corpo nu de adolescente, A perna assim jogada e o braço, o claro...

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  • João Cabral de Melo Neto

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