Auta de Souza
Auta Henriqueta de Souza nasceu a 12 de setembro de 1876, em Macaíba, Rio Grande do Norte. Considerada a maior “poeta mística do Brasil”, deixou sua marca fazendo parte da segunda geração romântica da nossa literatura. Especialista em sonetos, venceu a resistência dos círculos literários masculinos apresentando poemas de alto valor estético e profundas influências simbolistas. Poetas como Olavo Bilac, que escreveu o prefácio de “Horto”, único livro da autora, e Mário de Andrade, fizeram questão de reverberar a obra da poeta em todo o país.
Auta ficou órfã de pai e mãe com apenas 3 anos de idade. Foi criada por sua avó materna, Silvina Maria da Conceição de Paula Rodrigues, mais conhecida como “Dindinha”, em Recife, Pernambuco. Apesar de analfabeta, sua vó foi responsável pela boa educação e interesse pela literatura de Auta. Aos 11 anos, foi matriculada no Colégio São Vicente de Paula, dirigido por freiras vicentinas francesas, onde aprendeu Francês e Inglês. Lia no original as obras de autores como Victor Hugo, Lamartine, Chateaubriand e Fénelon.
No entanto, com apenas 14 anos, Auta recebeu o diagnóstico de tuberculose, e precisou interromper seus estudos no colégio religioso. Ela seguiu a sua formação literária como autodidata e começou a escrever aos 16 anos. Apesar da doença frequentava o “Club do Biscoito”, grupo de amigos que realizava tertúlias onde os convidados recitavam poemas de vários autores, como Casimiro de Abreu, Gonçalves Dias, Castro Alves, Junqueira Freire, entre outros.
Em 1895, Auta conheceu o promotor público João Leopoldo da Silva Loureiro, com quem namorou durante um ano, mas foi obrigada a se separar pelos irmãos, preocupados com a sua saúde. Pouco depois dessa separação, João Leopoldo faleceu também vítima da tuberculose. A frustração amorosa tornou-se fator marcante de sua obra, junto às questões religiosas, familiares e existencialistas. Nesse período, a poeta encerrou seu primeiro livro de manuscritos, intitulado “Dhálias”, mas que em 1900 seria publicado sob o título de “Horto”.
Auta de Souza faleceu no dia 7 de fevereiro de 1901, em Natal, Rio Grande do Norte. Recentemente, em 2008, a Federação Espírita Brasileira se atencionou muito à vida de Auta de Sousa. Chico Xavier, por exemplo, psicografou sonetos atribuídos ao espírito da poeta.
Poemas de Auta de Souza:
À Alma de Minha Mãe
Partiu-se o fio branco e delicado Dos sonhos de minh’alma desditosa... E as contas do rosário assim quebrado Caíram como folhas de uma rosa. Debalde eu as procuro lacrimosa, Estas doces relíquias do Passado, Para guardá-las na urna perfumosa, Do meu seio no cofre...
Boêmias
A Rosa Monteiro Quando me vires chorar, Que sou infeliz não creias; Eu choro porque no Mar Nem sempre cantam sereias. Choro porque, no Infinito, As estrelas luminosas Choram o orvalho bendito, Que faz desabrochar as rosas. Do lábio o consolo santo É o riso que vem...
Súplica
Se tudo foge e tudo desaparece, Se tudo cai ao vento da Desgraça, Se a vida é o sopro que nos lábios passa Gelando o ardor da derradeira prece; Se o sonho chora e geme e desfalece Dentro do coração que o amor enlaça, Se a rosa murcha inda em botão, e a graça Da moça...
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