Thiago de Mello
Amadeu Thiago de Mello nasceu no dia 30 de março de 1926, em Barreirinhas, Amazonas. Poeta, ensaísta e tradutor, é considerado um dos escritores mais influentes do país, reconhecido internacionalmente como um ícone da literatura regional brasileira. Tem obras traduzidas para mais de trinta idiomas e seus poemas abordam o lirismo, as relações familiares e amorosas, além de grande viés político e de luta social.
Seu poema mais conhecido é “Os Estatutos do Homem”, onde o poeta mostra toda a sua indignação contra o arbítrio, apresentando alguns dos valores mais simples da natureza humana. Preso durante a ditadura, exilou-se no Chile, tornando-se muito amigo de Pablo Neruda .
Durante o período em Santiago, um traduziu a obra do outro e Neruda escreveu ensaios sobre Thiago. Em 1975, ainda em meio ao regime militar, foi premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte, por causa do seu livro “Poesia Comprometida com a Minha e a Tua Vida”. A partir daí, tornou-se conhecido internacionalmente como um intelectual engajado na luta pelos Direitos Humanos.
Além do Chile, durante o exílio, o poeta morou na Argentina, em Portugal, na França e na Alemanha. Voltou ao Brasil em 1978, para sua cidade natal, Barreirinha, onde vive até hoje à beira do rio Andirá.
Poemas de Thiago de Mello:
Faz Escuro mas Eu Canto
Faz escuro mas eu canto, porque a manhã vai chegar. Vem ver comigo, companheiro, a cor do mundo mudar. Vale a pena não dormir para esperar a cor do mundo mudar. Já é madrugada, vem o sol, quero alegria, que é para esquecer o que eu sofria. Quem sofre fica acordado...
O Pão de cada Dia
Que o pão encontre na boca o abraço de uma canção construída no trabalho. Não a fome fatigada de um suor que corre em vão. Que o pão do dia não chegue sabendo a travo de luta e a troféu de humilhação. Que seja a bênção da flor festivamente colhida por quem deu ajuda...
Quando a Verdade for Flama
As colunas da injustiça sei que só vão desabar quando o meu povo, sabendo que existe, souber achar dentro da vida o caminho que leva à libertação. Vai tardar, mas saberá que esse caminho começa na dor que acende uma estrela no centro da servidão. De quem já sabe, o...
Para os que Virão
Como sei pouco, e sou pouco, faço o pouco que me cabe me dando inteiro. Sabendo que não vou ver o homem que quero ser. Já sofri o suficiente para não enganar a ninguém: principalmente aos que sofrem na própria vida, a garra da opressão, e nem sabem. Não tenho o sol...
Mormaço de Primavera
Entre chuva e chuva, o mormaço. A luz que nos entrega o dia não dá ainda para distinguir o sujo do encardido, o fugaz, do provisório. A própria luz é molhada. De tão baça, não me deixa sequer enxergar o fundo dos olhos claros da mulher amada. Mas é com esta luz mesmo,...
Os Estatutos do Homem
(Ato Institucional Permanente) A Carlos Heitor Cony Artigo I Fica decretado que agora vale a verdade. agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira. Artigo II Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais...
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