Camilo Pessanha
Camilo de Almeida Pessanha nasceu no dia 7 de Setembro de 1867 em Sé Nova, Coimbra, Portugal. Considerado um dos maiores representantes do Simbolismo português, apesar de poucas obras publicadas, tornou-se grande influenciador de uma importante geração de poetas em seu país, casos de Fernando Pessoa e Mário Sá-Carneiro.
Quando ingressou na Universidade de Coimbra, em 1884, Camilo Pessanha começou a apresentar os seus primeiros poemas em revistas e jornais da época. Em suas obras, o poeta fugia do convencional, rompendo com o tradicionalismo literário e lançando mão de musicalidade nos versos. Porém, a vida boêmia e desregrada, durante todo o período acadêmico, gerou problemas de saúde ao escritor, que, no momento, impossibilitaram a publicação de um livro próprio.
Em 1893, Camilo Pessanha é nomeado a professor de Filosofia no Liceu de Macau, uma colônia portuguesa na China. Em 1922, finalmente consegue publicar o seu primeiro e único livro, intitulado “Clépsidra” (que significava um tipo de instrumento usado para medir o tempo). Em seus últimos anos de vida, participou da organização de duas revistas: “Orpheu” e “Centauro”, que exerceram importante influência em movimentos literários subsequentes de renovação da literatura portuguesa.
Camilo Pessanha faleceu no dia 1 de Março de 1926, em Macau, na China.
Poemas de Camilo Pessanha:
Branco e Vermelho
A dor, forte e imprevista, Ferindo-me, imprevista, De branca e de imprevista Foi um deslumbramento, Que me endoidou a vista, Fez-me perder a vista, Fez-me fugir a vista, Num doce esvaimento. Como um deserto imenso, Branco deserto imenso, Resplandecente e imenso,...
Depois da Luta e Depois da Conquista
Depois da luta e depois da conquista Fiquei só! Fora um ato antipático! Deserta a Ilha, e no lençol aquático Tudo verde, verde, a perder de vista. Porque vos fostes, minhas caravelas, Carregadas de todo o meu tesoiro? _ Longas teias de luar de lhama de oiro, Legendas...
O Meu Coração Desce
O meu coração desce, Um balão apagado... _ Melhor fora que ardesse, Nas trevas, incendiado. Na bruma fastidienta. Como um caixão à cova... _ Porque antes não rebenta De dor violenta e nova?! Que apego ainda o sustém? Átomo miserando... _ Se o esmagasse o trem Dum...
Não Sei se Isto é Amor
Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar, Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo; E apesar disso, crê! nunca pensei num lar Onde fosses feliz, e eu feliz contigo. Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito. E nunca te escrevi nenhuns versos românticos. Nem...
Vida
Choveu! E logo da terra humosa Irrompe o campo das liliáceas. Foi bem fecunda, a estação pluviosa! Que vigor no campo das liliáceas! Calquem. Recalquem, não o afogam. Deixem. Não calquem. Que tudo invadam. Não as extinguem. Porque as degradam? Para que as calcam? Não...
Poema Final
Ó cores virtuais que jazeis subterrâneas, _ Fulgurações azuis, vermelhos de hemoptise, Represados clarões, cromáticas vesânias, No limbo onde esperais a luz que vos batize, As pálpebras cerrai, ansiosas não veleis. Abortos que pendeis as frontes cor de cidra, Tão...
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