Guimarães Rosa
João Guimarães Rosa nasceu no dia 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, pequena cidade do interior de Minas Gerais. Poeta, romancista e contista, fez parte do 3º Tempo do Modernismo no país, trazendo técnicas próprias de escrita que fogem das formas clássicas do romance. Foi membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira n.2, no lugar de João Neves de Fontoura, a partir de 16 de novembro de 1967, três dias antes de sua morte.
Um dos escritores mais inventivos da história da literatura brasileira, Guimarães Rosa abordava temas regionalistas – características de expressões, sotaques e hábitos de vida local – com uma estrutura narrativa singular e de ricas simbologias em suas obras. Mesmo sendo uma grande novidade, a forma de escrita do autor sempre foi vista como instigante pelos leitores que se desafiam a entender os diversos neologismos e frases fora da interpretação comum.
Em suas obras, Guimarães Rosa também utilizava bastante a experimentação: recriava linguagens inventando vocábulos que variavam do arcaísmos e palavras populares às novas semânticas e sintáticas, recriando realidades possíveis no mundo imaginário do autor.
João Guimarães Rosa morreu no dia 19 de novembro de 1967, no Rio de Janeiro.
Poemas de Guimarães Rosa:
Saudade
Saudade de tudo!… Saudade, essencial e orgânica, de horas passadas, que eu podia viver e não vivi!… Saudade de gente que não conheço, de amigos nascidos noutras terras, de almas órfãs e irmãs, de minha gente dispersa, que talvez até hoje ainda espere por mim… Saudade...
Revolta
Todos foram saindo, de mansinho, tão calados, que eu nem sei se fiquei mesmo só. Não trouxe mensagem e nem deram senha…Disseram-se que não iria perder nada, porque não há mais céu. E agora, que tenho medo, e estou cansado, mandam-me embora…Mas não quero ir para mais...
Elegia
Teu sorriso se abriu como uma anêmona entre as covinhas do rosto infantil. Estavas de pijama verde, nas almofadas verdes, os pezinhos nus, as pernas cruzadas, pequenina, como um ídolo de jade que teve por modelo uma princesa anamita. Tuas mãos sorriam, teus olhos...
Gargalhada
Quando me disseste que não mais me amavas, e que ias partir, dura, precisa, bela e inabalável, com a impassibilidade de um executor, dilatou-se em mim o pavor das cavernas vazias… Mas olhei-te bem nos olhos, belos como o veludo das lagartas verdes, e porque já...
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