Herberto Helder

Poetas

Herberto Helder Luís Bernardes de Oliveira nasceu a 23 de Novembro de 1930 no Funchal, Ilha da Madeira, Portugal. Considerado o maior poeta português da segunda metade do século XX, tornou-se um dos mais originais escritores do seu país com uma obra futurista, por vezes abstrata, que expressava intrinsecamente a essência de uma personalidade enigmática e hermética. Avesso à fama – negava a dar entrevistas ou ser fotografado -, Herberto Helder recusou o “Prêmio Pessoa”, em 1994, uma das principais honrarias da poesia portuguesa.

Herberto Helder usava da própria misantropia para criar uma atmosfera única em seus versos.  A crítica literária portuguesa aproxima a sua linguagem poética ao universo da alquimia, da mística, e também à mitologia edipiana, ao retratar a imagem materna. Mais tarde, esses fatores atribuídos situaram o poeta ao surrealismo literário.

Com uma vida repleta de trabalhos diferentes e constantes mudanças, a vida literária de Herberto Helder floresce na cidade de Coimbra, a partir de 1948, quando matricula-se na Faculdade de Direito e, posteriormente, na Faculdade de Letras. Mesmo sem concluir os dois cursos, parte para Lisboa, em 1955, e passa a frequentar o grupo do Café Gelo, onde conhece Mário Cesariny, Luiz Pacheco, António José Forte, João Vieira e Hélder Macedo.

Em 1968, participa da publicação de um livro sobre o Marquês de Sade, que o leva a ser envolvido num processo judicial e a condenação. Porém, devido às repercussões do caso, consegue obter suspensão da pena. Mesmo absolvido, Helder acaba mal visto em Lisboa, sendo demitido de seus empregos. Para se sustentar, viaja pelo Europa em busca de novos trabalhos. Morando em países como Espanha, França, Bélgica, Holanda e Dinamarca, dedica-se à literatura e publica livros que ganham reconhecimento internacional.

Em 1971 desloca-se para Angola onde trabalha como redator. Atuando como repórter durante a Guerra Civil no país é uma das vítimas da luta armada, precisando ser hospitalizado durante três meses. Recuperado, em 1973 muda-se para os Estado Unidos onde publica a sua antologia poética, “Poesia Toda”. A partir do final da década de 70, Herberto Helder passa a se dedicar exclusivamente à poesia, vivendo no mais absoluto ostracismo.

Herberto Helder faleceu no dia 23 de março de 2015, aos 84 anos, na sua casa em Cascais, Portugal. Menos de dois meses após a sua morte, foi publicado o último livro de originais do poeta, “Poemas canhotos”.

Poemas de Herberto Helder:

Como uma Rosa no Fundo da Cabeça

Como uma rosa no fundo da cabeça, que maneira obscura de morte. O perfume a sangue à volta da camisa fria,a boca cheia de ar,a memória ecoando como as vozes de agora. Onde está sentada brilha de tantas moléculas vivas,tanto hidrogênio, tanta seda escorregadia dos...

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O Olhar É um Pensamento

Tudo assalta tudo,e eu sou a imagem de tudo. O dia roda o dorso e mostra as queimaduras, a luz cambaleia, a beleza é ameaçadora -não posso escrever mais alto transmitem-se, interiores, as formas.

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Aos Amigos

Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado. Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos, com os livros atrás a arder para toda a eternidade. Não os chamo, e eles voltam-se profundamente dentro do fogo. — Temos um talento...

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No Sorriso Louco das Mães

No sorriso louco das mães batem as leves gotas de chuva. Nas amadas caras loucas batem e batem os dedos amarelos das candeias. Que balouçam. Que são puras. Gotas e candeias puras. E as mães aproximam-se soprando os dedos frios. Seu corpo move-se pelo meio dos ossos...

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Sobre um Poema

Um poema cresce inseguramente na confusão da carne, sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto, talvez como sangue ou sombra de sangue pelos canais do ser. Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência ou os bagos de uva de onde nascem as raízes minúsculas do...

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O Amor em Visita

Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra e seu arbusto de sangue. Com ela encantarei a noite. Dai-me uma folha viva de erva, uma mulher. Seus ombros beijarei, a pedra pequena do sorriso de um momento. Mulher quase incriada, mas com a gravidade de dois seios,...

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