Henriqueta Lisboa
Henriqueta Lisboa nasceu no dia 15 de julho de 1901, em Lambari, Minas Gerais. Pertecente ao movimento modernista de 1945, foi a primeira mulher eleita membro da Academia Mineira de Letras, em 1963. Dona de diversas honrarias literárias, ela recebeu o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1984.
Escritora precoce, Henriqueta Lisboa publicou o seu primeiro livro, intitulado “Fogo Fátuo”, aos 21 anos. Ao longo de sua trajetória literária, a poeta conquistou diversos admiradores no meio artistico e intelectual, entre eles Mário de Andrade que a incentivou a participar do movimento modernista de 1945. Inclusive, sob influência da morte do amigo, ela publicou o seu livro mais conhecido, “Flor da Morte, em 1949.
A obra poética de Henriqueta Lisboa é considerada inovadora e extremamente significativa. Simbolista, ela sustentava – através de uma peculiar visão pessimista – questões existenciais, além de uma grande devoção aos seus sentimentos mais aflorados.
Apesar da aparência frágil e delicada, Henriqueta era dona de personalidade forte e imponente. Em uma época em que pouco se falava em feminismo no Brasil, ela já fazia diversas críticas à sociedade e lutava pela igualdade de gêneros. Para ela, por exemplo, a denominação “poetisa” era uma afronta masculina para diminuir o papel da mulher na literatura. Ela só admitia ser chamada de “Poeta”.
Além dos poemas, Henriqueta Lisboa produziu várias traduções, ensaios e antologias. Ela traduziu, por exemplo, os Cantos de Dante Alighieri, além de poemas de Gabriela Mistral.
Henriqueta Lisboa faleceu no dia 9 de outubro de 1985, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Poemas de Henriqueta Lisboa:
Confronto
Em relâmpago os bárbarosno espaço.Passo a passo os tímidosno tempo. Sob os pés dos vândalosas pedras arrasam-se.Do chão limpo os pacíficoserguem torres bíblicas. Os rebeldes, de árbitros,destroem os ídolos.Os dóceis, na dúvida,valorizam as órbitas. A fibra dos...
Modelagem – Mulher
Assim foi modelado o objeto:para subserviência.Tem olhos de ver e apenasentrevê. Não vai longeseu pensamento cortadoao meio pela ferrugemdas tesouras. É um mitosem asas, condicionadoàs fainas da lareiraSeria uma cântaro de barro afeitoa movimentos incipientessob...
Divertimento
O esperto esquiloganha um coco.Tem olhos intranqüilosde louco.Os dentes finosmostra. E em poucoos dentes fincana polpa.Assim, com perfeito estilo,sob estridentesdentes,o coco, em segundos, ficatodo oco.
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