Miriam Alves
Miriam Aparecida Alves nasceu no dia 6 de novembro de 1952, em São Paulo. Com três livros publicados, é atualmente uma das vozes mais importantes da cultura afro-brasileira. Integrante do coletivo Quilombhoje Literatura, faz parte do grupo de poetas negras que estão inseridas nas publicações dos Cadernos Negros (1982-2011). Já foi traduzida para antologias americanas, alemãs e britânicas.
Miriam começou a escrever com apenas 11 anos. No início da década de 1980, passou a integrar o Quilombhoje Literatura, responsável pela produção dos Cadernos Negros. Ela apresenta seu primeiro poema na edição número 5 da publicação, em 1982. Dona de uma retórica contundente e ávida pela exaltação das raízes negras, os seus textos passam a ser tratados como militância pela cultura afro-brasileira.
Em 1983, Miriam lança o seu primeiro livros, intitulado “Momentos de Busca”. A obra é resultado de exercícios e experimentos praticados e reelaborados desde a adolescência e o convívio com o projeto coletivo. Dois anos depois, em 1985, publica o seu segundo livro, “Estrelas no Dedo”, apresentando, de forma lírica, o embate com uma sociedade que ainda veta ao negro o acesso à plena cidadania.
Em 1989, se desliga formalmente do Quilombhoje Literatura, mas desde então continua contribuindo para a série com seus contos e poemas.
Poemas de Miriam Alves:
Calafrio
O sorriso gelaa porta do paraíso prometido A tarde cobre-se de friogritaesconde-se atrás doscasacosfaz esculpir aquela saudadedo lugarjamais percorrido. Escorrem feito sorveteas esperanças derretidasno ardor do querer.
Colar
Colecionava amizadesPendura corrente de sorrisos estáticos No pescoçoOstentava tantos e tantos Sorrisos-dentadurasPolia-os à noite com gotas de lágrimas RetidasUm dia o colar mordeu-lhe a jugular Jorrou-lhe rios de ausências
Guardiãs
Esconderei meu sofrimento nas entranhas do vento guardarei as lágrimas no pote das nuvens reavaliarei as intenções da natureza Farei das montanhas guardiãs de meus segredos Escreverei com um corisco o fogo das emoções as verdades de hoje para não serem segredos de...
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