Paulo Leminski
Paulo Leminski Filho nasceu no dia 24 de agosto de 1944, em Curitiba, Paraná. Considerado um dos poetas mais originais da literatura brasileira na segunda metade do Século XX, inventou um jeito próprio de escrever poesias, brincando com ditados populares e constantes trocadilhos. Consagrou-se com a publicação de “Catatau”, em 1976, “obra maldita” marcada pelo experimentalismo linguístico e narrativo. Foi casado com a poeta Alice Ruiz, que organizou toda sua obra após a sua morte.
Paulo Leminski passou boa parte da infância e juventude no Mosteiro de São Bento, em São Paulo. Lá estudou latim, teologia, filosofia e literatura clássica. Em 1963 foi para Belo Horizonte onde participou da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda. Nesse período conheceu Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos, criadores da “Poesia Concreta”, um novo estilo poético, que procurava estruturar o texto de forma visual e com métricas livres.
Fascinado pela cultura japonesa e pelo zen-budismo, Leminski especializou-se também em escrever haicai. Além disso, é autor da biografia de Matsuo Bashô e traduziu obras literárias de James Joyce, Samuel Beckett e Yukio Mishima. Compôs letras de músicas em parceria com Caetano Veloso, Itamar Assunção e o grupo A Cor do Som.
Paulo Leminski faleceu no dia 7 de junho de 1989, em Curitiba.
Poemas de Paulo Leminski:
A Lua no Cinema
A lua foi ao cinema, passava um filme engraçado, a história de uma estrela que não tinha namorado. Não tinha porque era apenas uma estrela bem pequena, dessas que, quando apagam, ninguém vai dizer, que pena! Era uma estrela sozinha, ninguém olhava pra ela, e toda a...
Um bom Poema leva Anos
um bom poema leva anos cinco jogando bola, mais cinco estudando sânscrito, seis carregando pedra, nove namorando a vizinha, sete levando porrada, quatro andando sozinho, três mudando de cidade, dez trocando de assunto, uma eternidade, eu e você, caminhando...
Amor Bastante
quando eu vi você tive uma idéia brilhante foi como se eu olhasse de dentro de um diamante e meu olho ganhasse mil faces num só instante basta um instante e você tem amor bastante
Incenso Fosse Música
isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além
Quando Eu Tiver Setenta Anos
quando eu tiver setenta anos então vai acabar esta adolescência vou largar da vida louca e terminar minha livre docência vou fazer o que meu pai quer começar a vida com passo perfeito vou fazer o que minha mãe deseja aproveitar as oportunidades de virar um pilar da...
Perto do Osso a Carne é mais Gostosa
Sossegue coração ainda não é agora a confusão prossegue sonhos a fora calma calma logo mais a gente goza perto do osso a carne é mais gostosa.
Atraso Pontual
Ontens e hojes, amores e ódio, adianta consultar o relógio? Nada poderia ter sido feito, a não ser o tempo em que foi lógico. Ninguém nunca chegou atrasado. Bençãos e desgraças vem sempre no horário. Tudo o mais é plágio. Acaso é este encontro entre tempo e espaço...
Razão de Ser
Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso, preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso. Escrevo porque amanhece, E as estrelas lá no céu Lembram letras no papel, Quando o poema me anoitece. A aranha tece teias. O peixe beija e morde o que vê. Eu escrevo...
Dor Elegante
Um homem com uma dor É muito mais elegante Caminha assim de lado Com se chegando atrasado Chegasse mais adiante Carrega o peso da dor Como se portasse medalhas Uma coroa, um milhão de dólares Ou coisa que os valha Ópios, édens, analgésicos Não me toquem nesse dor Ela...
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- Antônio Callado
- Affonso Romano de Sant’anna
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