O escritor Armando Freitas Filho, considerado um dos mais importantes poetas do Brasil, morreu nesta quinta-feira, 26 de setembro, no Rio de Janeiro. Ganhador dos prêmios Alphonsus Guimarães, da Biblioteca Nacional, e Jabuti, ele sofria de problemas respiratórios e estava internado havia uma semana na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio. Em nota, a Clínica São Vicente informou que Armando Freitas Filho morreu em decorrência de complicações da Covid-19. O velório será nesta sexta-feira, 27/10 , no Cemitério São João Batista.
Armando Martins de Freitas Filho nasceu a 18 de fevereiro de 1940, no Rio de Janeiro. Poeta ligado ao movimento pós-modernista, fez parte da geração que ficou conhecida como “marginal”, ao lado de nomes como Ana Cristina Cesar, Alice Ruiz e Paulo Leminski, nas décadas de 70 e 80. Com uma obra inquieta, buscando sempre os detalhes cotidianos que passam imperceptíveis aos olhos não-poéticos, ele trabalha a estética de seus poemas criando formas e apresentações originais, abusando do experimentalismo. Seus temas mais constantes perpassam pela essência humana diante o mundo externo, suas ações e consequências, e interpretações distintas às obviedades pré-determinadas da vida. Muito premiado, venceu o Jabuti de Poesia, em 1986, e duas vezes o Prêmio Alphonsus de Guimaraens, em 2000 e 2014.
Sentenças
Esta lembrança toda feita de lanças
cravada, em uníssono, no alvo do corpo.
Estas vozes, tão mudas, que calam
aqui dentro, qualquer esforço meu.
Este novelo de avessos no começo
de mim, com seu fio de silêncio.
Este lugar vazio que me habita e veste
com suas roupas de sombra e rasgão.
Esta vida espessa abandonada no espaço
que não se resolve, dissolve-se e passa.
– Armando Freitas Filho