Sousândrade
Joaquim Manuel de Sousa Andrade, mais conhecido por Sousândrade, nasceu a 9 de julho de 1833, em Guimarães, no Maranhão. Apesar de ser considerado um dos principais poetas da terceira geração do romantismo, também chamada de “geração condoreira”, foi praticamente esquecido durante décadas. Hoje a sua obra é vista como uma das mais inovadoras e influentes da poesia brasileira do século XIX.
Resgatada no início da década de 1960 pelos poetas Augusto e Haroldo de Campos, a obra de Sousândrade revela uma das líricas mais originais e instigantes do Romantismo. Essa rica expressão poética deve-se muito ao período em que viveu na França, quando formou-se em letras pela Sorbonne. Em 1857 lançou o seu primeiro livro de poesia, intitulado “Harpas Selvagens”, apresentando uma construção poética ousada, tanto pelas escolhas de temas (sociais, nacionalistas e nostálgicos) como pelo uso de palavras estrangeiras (em inglês e indígenas).
Em 1870, deixou a França rumo aos Estados Unidos, mais precisamente Nova Iorque, para trabalhar como secretário e colaborador do periódico “O Novo”. Nesse período ele publicou “O Guesa”, obra poética que utiliza recursos expressivos, como metáforas e hipérboles, além da constante presença de neologismos, talvez a sua principal marca como escritor.
Republicano ferrenho, Sousândrade também sempre fez parte de militâncias políticas. De volta ao Maranhão, aderiu à proclamação da República do Brasil, em 1889. No ano seguinte foi presidente da Intendência Municipal de São Luís, onde destacou-se por realizar profunda reforma do ensino, fundando escolas mistas, além de idealizar a bandeira do Estado, usando as cores vermelha, preta e branca, para representar todas as raças ou etnias que construíram a história maranhense. Chegou a candidatar-se a senador, em 1890, mas desistiu antes da eleição.
Os últimos anos de vida de Sousândrade, no entanto, foram trágicos. Chegou a ser considerado louco pela família e amigos, sendo abandonado pela própria mulher e filha. Assim adoeceu e terminou, aos 69 anos, esquecido e na mais profunda miséria.
Sousândrade morreu no dia 21 de abril de 1902, em São Luís, no Maranhão.
Poemas de Sousândrade:
Harpa XXIV – O Inverno
(...) Salve! felicidade melancólica,Doce estação da sombra e dos amores-Eu amo o inverno do equador brilhante!A terra me parece mais sensível.Aqui as virgens não se despem negrasÀ voz do outono desdenhoso e déspota,Ai delas fossem irmãs, filhas dos homens!Aqui dos...
O Guesa – Canto Terceiro
As balseiras na luz resplandeciam —oh! que formoso dia de verão!Dragão dos mares, — na asa lhe rugiamVagas, no bojo indômito vulcão!Sombrio, no convés, o Guesa erranteDe um para outro lado passeavaMudo, inquieto, rápido, inconstante,E em desalinho o manto que...
Harpa XXXII
Dos rubros flancos do redondo oceanoCom suas asas de luz prendendo a terraO sol eu vi nascer, jovem formosoDesordenando pelos ombros de ouroA perfumada luminosa coma,Nas faces de um calor que amor acendeSorriso de coral deixava errante.Em torno de mim não tragas os...
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