Affonso Romano de Sant’Anna
Affonso Romano de Sant’anna nasceu a 27 de março de 1937, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Um dos mais importantes poetas vivos da literatura nacional, é autor de mais 70 livros, principalmente de poesia e crônica. Casado com a também poeta Marina Colasanti, recebeu algumas das principais comendas brasileiras como a “Ordem Rio Branco”, a “Medalha Tirandentes”, a “Medalha da Inconfidência” e a “Medalha Santos Dummont”.
Affonso Romano de Sant’anna estudou Letras e Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Sua tese de doutorado versou sobre o conceito de gauche na obra de Carlos Drummond de Andrade. Durante décadas lecionou literatura e escrita no Brasil e no exterior, tendo também sido um dos idealizadores do curso de pós-graduação em literatura brasileira na PUC-Rio
Na década de 1960, o poeta participou ativamente de diversos movimentos de renovação da poesia brasileira. Durante a ditadura militar, publicou, como cronista do “Jornal do Brasil” e “O Globo”, poemas de cunho social, principalmente na luta contra a censura. Sempre com muita elegância e inteligência, as obras de Affonso são marcadas pela reflexão do imperceptível, escrevendo versos de ironia e com grande acidez crítica.
Entre 1990 a 1996, foi presidente da Fundação Biblioteca Nacional. época em que estabeleceu uma eficaz política do livro e da leitura no país. Atualmente escreve para os jornais Estado de Minas e Correio Brasiliense.
Poemas de Affonso Romano de Sant’Anna:
Assombros
Às vezes, pequenos grandes terremotos ocorrem do lado esquerdo do meu peito. Fora, não se dão conta os desatentos. Entre a aorta e a omoplata rolam alquebrados sentimentos. Entre as vértebras e as costelas há vários esmagamentos. Os mais íntimos já me viram remexendo...
Catando os Cacos do Caos
Catar os cacos do caos como quem cata no deserto o cacto - como se fosse flor. Catar os restos e ossos da utopia como de porta em porta o lixeiro apanha detritos da festa fria e pobre no crepúsculo se aquece na fogueira erguida com os destroços do dia. Catar a verdade...
Reflexivo
O que não escrevi, calou-me. O que não fiz, partiu-me. O que não senti, doeu-se. O que não vivi, morreu-se. O que adiei, adeus-se.
Amor e Medo
Estou te amando e não percebo, porque, certo, tenho medo. Estou te amando, sim, concedo, mas te amando tanto que nem a mim mesmo revelo este segredo.
Limites do Amor
Condenado estou a te amar nos meus limites até que exausta e mais querendo um amor total, livre das cercas, te despeça de mim, sofrida, na direção de outro amor que pensas ser total e total será nos seus limites da vida. O amor não se mede pela liberdade de se expor...
Despedidas
Começo a olhar as coisas como quem, se despedindo, se surpreende com a singularidade que cada coisa tem de ser e estar. Um beija-flor no entardecer desta montanha a meio metro de mim, tão íntimo, essas flores às quatro horas da tarde, tão cúmplices, a umidade da grama...
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- Ferreira Gullar
- Carlos Nejar
- Carlos Drummond de Andrade
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