Antero de Quental

Poetas

Antero Tarquínio de Quental nasceu no dia 18 de abril de 1842, em Ponta Delgada, Portugal. Um dos poetas mais influentes da literatura portuguesa no século XIX, é figura de destaque do movimento da “Geração de 70” ou “Geração de Coimbra”. Especializado em sonetos, para muitos, os seus poemas são comparados aos de Luís de Camões e Manuel Bocage. Militante político, também foi um dos fundadores do Partido Socialista Português.

Antero de Quental dedicou a sua vida à poesia, à filosofia e à política. Mudou-se para Coimbra aos 16 anos, para estudar Direito. O período universitário foi a base de sua ideologia e o instigou a militar pelo socialismo. Tanto que, nesse tempo, ele fundou a “Sociedade do Raio”, que pretendia renovar o país através da literatura.

Em 1861, Antero apresentou os seus primeiros sonetos. Em 1865, publicou as “Odes Modernas”, influenciadas pelo socialismo experimental do filósofo Pierre-Joseph Proudhon. Por suas posições, sofreu muitos ataques, principalmente durante o aparecimento da “Questão Coimbrã” (também conhecida como Questão do Bom Senso e Bom Gosto), movimento liderado por António Feliciano de Castilho e que tentava censurar o grupo de jovens poetas da Escola de Coimbra, acusando-os de subverção poética.

Após alguns anos morando em Paris, na França, Antero de Quental regressou para o seu país, em 1968. Morando em Lisboa, formou ao lado de Eça de Queirós, Abílio de Guerra Junqueiro e Ramalho Ortigão, o Cenáculo português. Já consolidado como grande escritor, em 1886 publicou a sua melhor obra poética, “Sonetos Completos”, com características autobiográficas e simbolistas.

A obra poética de Antero de Quental pode ser dividida em três partes: as suas experiências durante a juventude; A poesia militante, como “voz da revolução”; E a poesia metafísica, voltada para o existencialismo. Mesmo se tratando de temas variados, os poemas de Antero de Quental apresentam facetas intimistas, direcionados à análise de uma personalidade angustiada e questionadora.

Antero de Quental faleceu no dia 11 de setembro de 1891, em Ponta Delgada, Portugal.

Poemas de Antero de Quental:

Na Mão de Deus

Na mão de Deus, na sua mão direita, Descansou afinal meu coração. Do palácio encantado da Ilusão Desci a passo e passo a escada estreita. Como as flores mortais, com que se enfeita A ignorância infantil, despojo vão, Depois do Ideal e da Paixão A forma transitória e...

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Nirvana

Viver assim: sem ciúmes, sem saudades, Sem amor, sem anseios, sem carinhos, Livre de angústias e felicidades, Deixando pelo chão rosas e espinhos; Poder viver em todas as idades; Poder andar por todos os caminhos; Indiferente ao bem e às falsidades, Confundindo...

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Com os Mortos

Os que amei, onde estão? Idos, dispersos, arrastados no giro dos tufões, Levados, como em sonho, entre visões, Na fuga, no ruir dos universos... E eu mesmo, com os pés também imersos Na corrente e à mercê dos turbilhões, Só vejo espuma lívida, em cachões, E entre ela,...

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Ideal

Aquela, que eu adoro, não é feita De lírios nem de rosas purpurinas, Não tem as formas languidas, divinas Da antiga Vénus de cintura estreita... Não é a Circe, cuja mão suspeita Compõe filtros mortaes entre ruinas, Nem a Amazona, que se agarra ás crinas D'um corcel e...

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Divina Comédia

Erguendo os braços para o céu distante E apostrofando os deuses invisíveis, Os homens clamam: — «Deuses impassíveis, A quem serve o destino triunfante, Porque é que nos criastes?! Incessante Corre o tempo e só gera, inestinguíveis, Dor, pecado, ilusão, lutas...

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Logos

Tu, que eu não vejo, e estás ao pé de mim E, o que é mais, dentro de mim — que me rodeias Com um nimbo de afetos e de idéias, Que são o meu princípio, meio e fim... Que estranho ser és tu (se és ser) que assim Me arrebatas contigo e me passeias Em regiões inominadas,...

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