
Lêdo Ivo
Lêdo Ivo nasceu no dia 18 de fevereiro de 1924, em Maceió, Alagoas. Poeta, jornalista, ficcionista, ensaísta e tradutor, foi um escritor renomado e de carreira internacional, recebendo diversos prêmios literários e tendo suas obras traduzidas nas mais diferentes línguas. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupou a cadeira n. 10, na vaga de Orígenes Lessa, a partir de 1987.
O poeta e ex-presidente da ABL, Ivan Junqueira, categorizou Lêdo Ivo como “autor opulento e às vezes desmedido”, por sua forma prolífica de escrever. Estima-se que o autor deixou um acervo poético de mais de 300 títulos, sem contar as antologias. Influenciado nos conceitos do Surrealismo, a poesia de Lêdo Ivo passa por diversas fases e formas de escrita. Primeiramente, ele apresenta odes e elegias extensas, a partir de métricas fixas ou compostos robustamente em versos livres. Nesse período, muitos comparam as característica do autor com as de Vinicius de Moraes, influenciados, talvez, pelo poeta de língua alemã, Rainer Maria Rilke.
Com os anos, ele passa a desenvolver poemas mais curtos, como idílios, sonetos e baladas, abordando temas nacionalistas, afetivo, românticos e nostálgicos. Lêdo Ivo faleceu aos 88 anos, em 23 de dezembro de 2012, em Sevilha, Espanha.
Poemas de Lêdo Ivo:
Passeio no Jardim
Quem aspira o perfume deste longo jardim de palavras cortadas como se fossem caules vê no chão espalhadas as pétalas da rosa: estilhaços de mim. Nunca me completei e sonho o que seria se a mim me reunisse a mim mesmo somado como um ramo de flores ou a gota de orvalho...
Os Sinais
Saibam quantos vivem neste mundo imenso: Deus não cheira a incenso. É no estrume fresco e na alga viscosa que devemos ver os sinais divinos com os olhos de quando éramos meninos.
Conselho
Esconde a tua vida. Guarda o teu segredo. Tudo, neste mundo, é engano cego e ledo. De manhã é noite. Mesmo à tarde é cedo. A vida é meandro sem qualquer enredo. A ninguém confesses teu amor ou medo, teu sonho acordado. Sê um caracol fechado em si mesmo na manhã de...
O Segredo
Deus não sabe os meus segredos. As paredes sem ouvidos não escutam a confidência interminável. O que perco, ninguém sabe. Dissolve-se em mim, luminária secreta, sílaba que os lábios não ousam murmurar diante de teu corpo no escuro, constelação. E o sobejo de mim,...
O Amigo
Embora seja teu amigo não nos encontraremos nunca. Jamais verás a minha sombra quando eu caminhar ao teu lado nem ouvirás minhas palavras se um dia eu te gritar bem alto. Só no momento em que morreres é que irei ao teu encontro. E para sempre ficarei em teu silêncio e...
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- João Cabral de Melo Neto
- Ferreira Gullar
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