Bruno Tolentino
Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino Sobrinho, mais conhecido apenas como Bruno Tolentino, nasceu a 12 de novembro de 1940, no Rio de Janeiro-RJ. Conceituado poeta, tanto no Brasil como na Europa, é tido como um dos mais expoentes intelectuais consevadores do país. Opositor do movimento modernista, foi um crítico da poesia concreta, defendendo as formas clássicas e tradicionais de escrita poética.
Nascido em uma tradicional família carioca – era neto de um conselheiro do Império – Bruno Tolentino conviveu desde criança com intelectuais e escritores em sua casa, entre eles Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto. Em 1963, aos 23 anos, publicou “Anulação e outros Reparos”, seu primeiro livro de poesia, que apresentava poemas longos, com traços de sua revolta contra Deus, fato aguçado pela morte de sua ex-namorada, Anecy Rocha, irmã caçula do cineasta Glauber Rocha.
No ano seguinte, em 1964, com o advento do golpe militar, mudou-se para a Europa a convite do poeta italiano Giuseppe Ungaretti, onde viveu por 3 décadas residindo em países como Inglaterra, Bélgica, Itália e França. Sucedeu o poeta e amigo W. H. Auden na direção da revista literária Oxford Poetry Now. Nesse período publicou 2 livros em outras línguas: em francês, “Le vrai le vain” , de 1971, e, em 1979, em inglês, “About the Hunt”, ambos muito bem recebidos pela crítica literária europeia.
Em 1971 conheceu Simon Pringel, na Universidade Bristol. Como professor, Tolentino passou a ser uma inspiração para Pringel iniciar a sua carreira como poeta. Tiveram um relacionamento amoroso aberto – apesar de Bruno estar casado na época – que provocou um escândalo que custou ao brasileiro uma promissora carreira acadêmica na Inglaterra. Os dois viveram juntos até o final dos anos 70.
Em 1987, Bruno foi condenado a 11 anos de prisão, sob a acusação de porte de drogas. No entanto, cumpriu apenas 22 meses da pena, no presídio de Dartmoor, conhecida como “Ilha do Diabo”, no Reino Unido, com o perdão do governo inglês, que reconheceu ter ele sido ele vítima de uma injustiça.
Tolentino retornou ao Brasil em 1993, Nesse período publicou o livro “As horas de Katharina”, escrito durante o período de 22 anos (1971-1993), além do “A Balada do Cárcere”, em 1996, com poemas sobre seu período preso.
Dentre diversos prêmios nacionais e internacionais, destacam-se o Jabuti, em três ocasiões (1994, 2000 e 2007), e também o Prêmio Senador José Ermírio de Morais, prêmio nunca antes dado a um escritor, em sessão da Academia Brasileira de Letras, ABL.
Bruno Tolentino morreu no dia 27 de junho de 2007, em São Paulo.
Poemas de Bruno Tolentino:
O Morto Habituado
Não são leves os laçosdo absurdo exercício:o homem lado a ladocom seu laçado ritmo. muito menos cumpridodo que dependurado,plataforma do umbigoao pescoço do hábito. Mas ao engravatadoqual o conforto vindoprovar que o inimigonão inventou o laço? Por outro lado,...
Noturno
Não sou o que te quer. Sou o que descea ti, veia por veia, e se derramaà cata de si mesmo e do que é chamae em cinza se reúne e se arrefece. Anoitece contigo. E me anoiteceo lume do que é findo e me reclama.Abro as mãos no obscuro, toco a tramaque lacuna a lacuna amor...
Celebrar Este Mundo
Celebrar este mundo adivinhandoa incurável leveza, a inabalávelcerteza do esplendor interminávelda luz de Deus, aurora ruminando para sempre a quietude do imutável.Somos reflexos dessa luz, um bandode flamingos ardendo, misturando-se ao sol nascente, ao inimaginável...
Poetas similares a Bruno Tolentino
- T.S. Eliot
- Antônio Carlos Secchin
- Samuel Beckett
Trackbacks/Pingbacks