Hilda Hilst
Hilda de Almeida Prado Hilst nasceu no dia 21 de Abril de 1930, em Jaú, São Paulo. Considerada uma das principais poetas do país no Século XX, suas obras foram traduzidas para os mais diversos idiomas (inglês, francês, alemão e italiano), tornando a escritora uma das autoras brasileiras mais conhecidas internacionalmente. Em 2018, Hilda Hilst foi a homenageada da FLIP, Festival Literário de Paraty, no Rio de Janeiro.
A obra de Hilda Hilst era vista como “polêmica” e “controversa”, pois abordava temas pouco explorados na época, principalmente em relação às mulheres, como o amor, a libertação sexual e o prazer feminino. Além disso, Hilda também buscava reflexão sobre a realidade da nossa existência e a incompletude entre Deus e o ser humano.
Hilda Hilst faleceu no dia 04 de Fevereiro de 2004 em Campinas, São Paulo. Após a sua morte, o amigo Mora Fuentes ajudou na criação do Instituto Hilda Hilst, o “IHH”, que tem como objetivo a manutenção da “Casa do Sol”, local que servia para retiro espiritual e inspiração intelectual de Hilda. O acervo literário da escritora também se encontra no IHH.
Poemas de Hilda Hilst:
Poemas aos Homens do Nosso Tempo
Amada vida, minha morte demora. Dizer que coisa ao homem, Propor que viagem? Reis, ministros E todos vós, políticos, Que palavra além de ouro e treva Fica em vossos ouvidos? Além de vossa RAPACIDADE O que sabeis Da alma dos homens? Ouro, conquista, lucro, logro E os...
Tenta-me de Novo
E por que haverias de querer minha alma Na tua cama? Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas Obscenas, porque era assim que gostávamos. Mas não menti gozo prazer lascívia Nem omiti que a alma está além, buscando Aquele Outro. E te repito: por que haverias De...
Porque Há Desejo em Mim
Porque há desejo em mim, é tudo cintilância. Antes, o cotidiano era um pensar alturas Buscando Aquele Outro decantado Surdo à minha humana ladradura. Visgo e suor, pois nunca se faziam. Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo Tomas-me o corpo. E que descanso me dás...
Dez chamamentos ao Amigo
Se te pareço noturna e imperfeita Olha-me de novo. Porque esta noite Olhei-me a mim, como se tu me olhasses. E era como se a água Desejasse Escapar de sua casa que é o rio E deslizando apenas, nem tocar a margem. Te olhei. E há tanto tempo Entendo que sou terra. Há...
Amavisse
Como se te perdesse, assim te quero. Como se não te visse (favas douradas Sob um amarelo) assim te apreendo brusco Inamovível, e te respiro inteiro Um arco-íris de ar em águas profundas. Como se tudo o mais me permitisses, A mim me fotografo nuns portões de ferro...
Passeio
De um exílio passado entre a montanha e a ilha Vendo o não ser da rocha e a extensão da praia. De um esperar contínuo de navios e quilhas Revendo a morte e o nascimento de umas vagas. De assim tocar as coisas minuciosa e lenta E nem mesmo na dor chegar a...
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