Joaquim Cardozo

Poetas

Joaquim Maria Moreira Cardozo nasceu no dia 26 de agosto de 1897, em Recife, Pernambuco. Poeta, contista, engenheiro civil e professor, ficou conhecido nacionalmente por ter sido o engenheiro responsável pelos cálculos que permitiram a construção do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, um dos monumentos mais importante de Minas Gerais, projetado por Oscar Niemeyer. Como escritor, Joaquim Cardozo ocupou a cadeira n. 39 da Academia Pernambucana de Letras.

As primeiras poesias de Joaquim Cardozo foram publicadas em 1924. Porém, o seu primeiro livro foi lançado apenas em 1947 e por insistência dos amigos, como Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, dois dos principais poetas pernambucanos. As obra de Joaquim Cardozo abordavam principalmente a sua terra e o Nordeste brasileiro. Ao todo, foram publicados 11 livros de sua autoria, dos quais destaca-se o inaugural “Poemas”, que teve prefácio de Carlos Drummond de Andrade, um dos seus maiores admiradores. “Um Livro Aceso e Nove Canções Sombrias” foi a sua última obra, publicada postumamente.

Joaquim Cardozo faleceu no dia 4 de novembro de 1978, em Olinda, Pernambuco.

Poemas de Joaquim Cardozo:

Aquarela

Macaíbeiras chovendo Cheiro de flor amarela; Cheiro de chão que amanhece. Estavas sob a latada Quando te abri a janela. Cheiro de jasmim laranja Pelos jardins anoitece; Junto a papoulas dobradas, Num canteiro florescendo, A tua saia singela. Macaíbeiras chovendo...

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Imagens do Nordeste

Sobre o capim orvalhado Por baixo das mangabeiras Há rastros de luz macia: Por aqui passaram luas, Pousaram aves bravias. Idílio de amor perdido, Encanto de moça nua Na água triste da camboa; Em junhos do meu Nordeste Fantasma que me povoa. Asa e flor do azul...

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Poesia da Presença Invisível

Através do quadro iluminado da janela Olho as grandes nuvens que chegaram do Oriente E me lembro dos homens que seriam meus amigos Se eu tivesse nascido em Cingapura. E aqueles que estiveram comigo nas horas concluídas Ainda impressionam o ar — Todos eles perderam-se...

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Poema

Eu não quero o teu corpo Eu não quero a tua alma, Eu deixarei intato o teu ser a tua pessoa inviolável Eu quero apenas uma parte neste prazer A parte que não te pertence.

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Poema do Amor sem Exagero

Eu não te quero aqui por muitos anos nem por muitos meses ou semanas, Nem mesmo desejo que passes no meu leito As horas extensas da noite. Para que tanto Corpo! Mas ficaria contente se me desses por instantes apenas e bastantes A nudez longínqua e de pérola Do teu...

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A Tarde Sobe

Ao rés da Terra o tempo é escuro Mas a tarde sobe, se ergue no ar tranqüilo e doce A tarde sobe! No alto se ilumina, se esclarece. E paira na região iluminada. Sobe, desfaz a trama de entrelaços Superpostos na maneira dos esquadros Sobre o chão aos poucos escurecendo....

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