Guilherme de Almeida
Guilherme de Andrade e Almeida nasceu no dia 24 de julho de 1890, em Campinas, São Paulo. Um dos mais importantes poetas brasileiros do século XX, foi o primeiro modernista a fazer parte da Academia Brasileira de Letras (ABL), eleito, em 1930, para ocupar a cadeia nº 15 da entidade. Especializado em escrever sonetos, também foi advogado, jornalista e tradutor literário.
Intelectual refinado, Guilherme de Almeida era dono de pensamentos humanistas, com vasto conhecimento em línguas (sabia grego e latim, por exemplo), além de grande estudioso da cultura renascentista. Autor de 26 livros de poesia, ele passou por transformações significativas durante a sua trajetória literária. Em sua primeira obra, “Nós”, publicada em 1917, o poeta apresentou influência parnasiana – apesar de alguns toques de neossimbolismo – inspirado, sobretudo, na forma de escrita de Olavo Bilac e também do poeta português António Nobre.
Após a boa repercussão de “Nós”, Guilherme de Almeida passou a ser visto como um dos líderes da literatura modernistas no país. Ele fez parte de um grupo que apresentava o novo movimento em conferências nacionais, até chegar ao ano de 1922, com a Semana de Arte Moderna de São Paulo, um grande marco desse conceito artístico no Brasil. Durante esse período, o poeta utilizou os principais valores do movimento em suas obras, principalmente o nacionalismo, em seus livros “Meu” e “Raça”.
Inquieto em suas reflexões e bastante prolífico, em suas obras seguintes (“Encantamento”, “Acaso” e “Você”), Guilherme de Almeida volta à origem parnasiana. Já no livro “Pequeno Cancioneiro”, ele se lança como trovador e, em “Camoniana”, assume, em seus versos, características da lírica renascentista.
Em 1932, participou da Revolução Constitucionalista de São Paulo, sendo obrigado a se exilar do país. Viajou pela Europa, fixando-se por longo tempo em Portugal. Ao regressar ao Brasil, dedicou-se à tradução literária de clássicos da poesia mundial.
Guilherme de Almeida morreu no dia 11 de julho de 1969, em São Paulo.
Poemas de Guilherme de Almeida:
Nós II
Nessa tua janela, solitário, entre as grades douradas da gaiola, teu amigo de exílio, teu canário canta, e eu sei que esse canto te consola. E, lá na rua, o povo tumultuário ouvindo o canto que daqui se evola crê que é o nosso romance extraordinário que naquela canção...
Essa que Eu hei de Amar…
Essa que eu hei de amar perdidamente um dia será tão loura, e clara, e vagarosa, e bela, que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela, trazer luz e calor a essa alma escura e fria. E quando ela passar, tudo o que eu não sentia da vida há de acordar no coração, que...
Indiferença
Hoje, voltas-me o rosto, se ao teu lado passo. E eu, baixo os meus olhos se te avisto. E assim fazemos, como se com isto, pudéssemos varrer nosso passado. Passo esquecido de te olhar, coitado! Vais, coitada, esquecida de que existo. Como se nunca me tivesses visto,...
Cubismo
Um Arlequim feito de cubos equilibrados: trinta losangos arranjados sobre dois tubos. — Ele talvez jogue xadrez... No halo, que a lâmpada tranquila rasga, de cima, esse Arlequim de pantomima oscila, oscila, e vem... e vai... e quase cai... Mas entra alguém: é uma...
Flor do Asfalto
Flor do asfalto, encantada flor de seda, sugestão de um crepúsculo de outono, de uma folha que cai, tonta de sono, riscando a solidão de uma alameda... Trazes nos olhos a melancolia das longas perspectivas paralelas, das avenidas outonais, daquelas ruas cheias de...
Esta Vida
Um sábio me dizia: esta existência, não vale a angústia de viver. A ciência, se fôssemos eternos, num transporte de desespero inventaria a morte. Uma célula orgânica aparece no infinito do tempo. E vibra e cresce e se desdobra e estala num segundo. Homem, eis o que...
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