Waly Salomão
Waly Dias Salomão nasceu a 3 de setembro de 1943 em Jequié, Bahia. Ávido militante cultural, foi nome de destaque do movimento tropicalista, durante a década de 1960, e também da contracultura na literatura brasileira nos anos 70. Ganhou o Prêmio Jabuti com o livro de poesia “Algaravias”, em 1997.
Waly Salomão é considerado um autor original, visceral e, até mesmo, de difícil classificação. Apesar de nunca ter se considerado parte do grupo, seu nome sempre esteve ligado à Tropicália. Assim como o amigo Torquato Neto, muitos de seus poemas foram musicados por Jards Macalé, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Moraes Moreira, João Bosco e Tom Zé.
Em 1971 publicou o seu primeiro livro, “Me segura que eu vou dar um troço”, escrito enquanto estava preso. Sua obra poética apresenta um perfil tenso que vivia nesse período, dividindo as questões sociais do povo brasileiro e satirizando a elite e os poderosos da época que, em contrapartida, passaram a combatê-lo como um artista marginal.
Os poemas de Waly Salomão destacam-se pela dinâmica, à diversidade de recursos gráficos e inventividade, que construiram uma característica bem própria de escrita. Sua poesia possui fortes apelos subjetivos, elaborados de acordo com suas vontades e desejos. A sua poesia está marcada por ironias, trocadilhos, hipérboles e metáforas provocadoras.
No cinema, interpretou Gregório de Matos, em filme sobre o poeta, produzido pela diretora Ana Carolina, em 2002. Já no final da vida, fez parte do Ministério da Cultura, como Secretário Nacional do Livro, na gestão de Gilberto Gil. Uma de suas propostas era a inclusão de um livro na cesta básica dos brasileiros.
Waly Salomão morreu aos 59 anos, em 5 de maio de 2003, no Rio de Janeiro.
Poemas de Waly Salomão:
Clandestino
vou falar por enigmasapagar as pistas visíveiscair na clandestinidade.descer de pára-quedas/camuflado/numa clareira clandestinada mata atlântica. já não me habita mais nenhuma utopiaanimal em extinção,quero praticar poesia- a menos culpada de todas as ocupações. já...
Exterior
Por que a poesia tem que se confinar? às paredes de dentro da vulva do poema?Por que proibir à poesiaestourar os limites do greloda gretada grutae se espraiar além da gradedo sol nascido quadrado?Por que a poesia tem que se sustentarde pé, cartesiana milícia...
Saques
Ainda há focos de incêndio no pavilhãoE a laje ameaça desabar.Um cruzado mané-ninguém surta em majestadeRompe o encouraçado cordão de isolamentoEscala a pilha de escombrosAlça os braços aos sete céus e clama:—Assim me falou o Rei Invisível:"Sois a alma do...
ARS Poética /Operação Limpeza
Assi me tem repartido extremos, que não entendo...(Sá de Miranda) I SAUDADE é uma palavraDa língua portuguesaA cujo enxurroSou sempre avessoSAUDADE é uma palavraA ser banidaDo uso correnteDa expressão coloquialDa assembléia constituinteDo dicionárioDa onomásticaDo...
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