Zila Mamede
Zila da Costa Mamede nasceu no mês de setembro de 1928 (o dia não é datado), no município de Nova Palmeira, na Paraíba. Considerada uma das maiores versistas de sua geração também atuou com destaque como bibliotecária, sendo responsável por restaurar importantes bibliotecas no país durante a década de 1950. Muito bem conceituada no meio literário, contou com o apoio e amizade de grandes nomes da poesia brasileira, como Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto.
Embora tenha nascido na Paraíba, Zila Mamede é reconhecidamente cidadã potiguar, pois viveu quase que toda a vida em Natal, capital do Rio Grande do Norte. Após concluir os estudos secundários, começou a se dedicar à literatura e escrever seus primeiros poemas. Fina, sutil e elegante, os seus versos apresentavam um lirismo contido, traços de uma personalidade tímida e introvertida. Dentre as temáticas mais abordadas pela poeta, os cenários do sertão nordestino foram detalhadamente descritos, além de suas paixões mais retidas.
Outro grande amor da vida de Zila, muitas vezes apresentados em seus poemas, é o mar. O seu poema “Elegia”, escrita nesse período, ganhou notoriedade, inclusive internacional, colocando a poeta em destaque na literatura nacional. O seu primeiro livro publicado, “Rosa de Pedra”, de 1953, ganhou projeção nacional ao ser considerado por Manuel Bandeira como uma dos melhores livros de versos que já tinha lido.
Conceituada, Zila Mamede vai para o Rio de Janeiro, entre os anos de 1955 e 1956, para cursas biblioteconomia. Ela ainda terminou especialização nos Estados Unidos. Depois dessa época, volta para Natal, onde reestruturou as duas maiores bibliotecas da cidade: a biblioteca central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que hoje tem seu nome, e a biblioteca pública estadual Câmara Cascudo.
Zila Mamede morreu afogada enquanto nadava na Praia do Meio, em Natal, Rio Grande do Norte, no anos de 1985.
Poemas de Zila Mamede:
Canção do Afogado
Nos olhos de cera dois pingos de vida, nas marcas de vida a noite pisou. A face tranquila bordada de sombras – são restos de estrelas que o céu apagou. Os dedos lilases não pedem mais sol; e os lábios desfeitos perderam seus gestos, calaram seus sonhos que a morte...
Canção da Rosa de Pedra
Essa, a rosa da promessa da noite do nosso amor, murcha rosa indiferente, sem alma, escassa de olor? Por que essa rosa de pedra, o meu presente nupcial? – Pantanosa flor de lama gerada em brisas de sal. O riso da minha infância, gritam-no abismos de sangue onde boia...
Elegia
Não retornei aos caminhos que me trouxeram do mar. Sinto-me brancos desertos onde as dunas me abrasando tarjam meus olhos de sal dum pranto nunca chorado, dum terror que nunca vi. Vivo hoje areias ardentes sonhando praias perdidas com levianos marujos brincando de se...
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